Sou surdo, mas tenho voz e exijo respeito – Mitos e Verdades!

  • Não escuto bem, as vezes falo alto, e em certas ocasiões pode parecer que apenas escuto quando quero ou quando me convém.

  • Talvez não tenha um temperamento fácil, e talvez nem sempre possa estar feliz e você entenda por ser surdo eu sou sempre nervoso ou muito revoltado.

  • Eu sou surdo, por isso devo ser conhecido como “surdo mudo”, ou devo ser tratado como “especial”, devido a minha “sensibilidade”.

  • Estou bem longe de escutar bem, por isso muitos acham que tenho o dom de justificar meus problemas devido a minha surdez, ou que sou expert na leitura labial.

Bem, quantas vezes você já pensou assim de uma pessoa surda ou com deficiência ou já ouviu alguém pensar ou comentar (mesmo que de brincadeira) desse modo? Pois bem, está na hora de sabermos a verdade e deixar para trás o preconceito. Vamos lá?

Primeiramente, nunca devemos generalizar, já que cada pessoa sendo surda ou não, é ímpar, tem suas particularidades, e em suas vidas infelizmente tem seus problemas.

Então podemos afirmar que a sensibilidade por exemplo, é uma característica que algumas pessoas desenvolvem, tendo ou não uma deficiência. Ou seja, qualquer pode apresentar diferentes limiares de sensibilidade.

 

E o que realmente acontece é as pessoas superprotegem, ou evitam críticas à pessoa com deficiência, preocupadas com sua “sensibilidade”. Mas a verdade e o contrario disso é que devemos tratar as pessoas com deficiência, da mesma maneira com que tratamos qualquer pessoa. Quando se superprotege, impedimos a pessoa com a exercitar sua auto-análise e assim, perceber e modificar-se, naquilo em que é inadequada.

O mesmo, podemos dizer em relação a “revolta ou nervosismo”, de alguém surdo ou que possuem qualquer deficiência. Esta é uma reação que qualquer pessoa pode sentir, quando não consegue administrar os problemas que enfrenta na vida, lidar com suas limitações, ou enfrentar situações de frustração. Todos conhecemos pessoas com deficiência bem resolvidas, que raramente vivenciam o sentimento de revolta.

Especificamente em relação ao nervosismo e aos surdos, a utilização de gestos, da ênfase na expressão facial, do esforço para falar e da ausência do feedback auditivo (não escutam os sons que emitem), fazem com que os ouvintes imaginem que os surdos estão “nervosos”. Na realidade, estão somente se comunicando, ou tentando se comunicar. Ser nervoso não é uma característica da surdez.

Por outro lado, todos também conhecemos pessoas que não têm uma deficiência, que se mostram verdadeiros “rebeldes sem causa”. O interessante é que dados da realidade não mostram uma correlação entre o grau de revolta apresentado por pessoas que nasceram com uma deficiência, e as que a adquiriram mais tarde na vida. O sentimento de revolta ou nervosismo relaciona-se com a forma com que cada pessoa administra sua relação com a realidade. Temos exemplos de pessoas que adquiriram uma deficiência quando já adultos, e que estão dispostos e prontos a enfrentá-la. Por outro lado, podemos observar pessoas que nasceram com algum tipo de deficiência e que nunca aceitaram essa condição, mantendo-se passivas, sem tomar qualquer providência para melhorá-la.

Importante lembrar que até a década de 1980, a sociedade utilizava termos como “aleijado”, “defeituoso”, “incapacitado”, “inválido”…

Passou-se a utilizar o termo “deficientes”, por influência do Ano Internacional e da Década das Pessoas Deficientes, estabelecido pela ONU, apenas a partir de 1981. Em meados dos anos 1980, entraram em uso as expressões “pessoa portadora de deficiência” e “portadores de deficiência”.

Deste modo, a terminologia utilizada até então, passou a ser “pessoas com deficiência”, que permanece até hoje.

Esse termo faz parte do texto apro- vado pela Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidades das Pessoas com Deficiência, aprovado pela Assembleia  Geral da ONU, em 2006, e ratificada no Brasil em julho de 2008.

A diferença entre esta e as anteriores é simples: ressalta-se a pessoa à frente de sua deficiência. Ressalta-se e valoriza-se a pessoa acima de tudo, independentemente de suas condições físicas, sensoriais ou intelectuais. Também em um determinado período acreditava-se como correto o termo “especiais” e sua derivação “pessoas com necessidades especiais”. “Necessidades especiais” quem não as tem, tendo ou não deficiência? Essa terminologia veio na esteira das necessidades educacionais especiais de algumas crianças com deficiência, passando a ser utilizada em todas as circunstâncias, fora do ambiente escolar.

Não se rotula a pessoa pela sua característica física, visual, auditiva ou intelectual, mas reforça-se o indivíduo acima de suas restrições. A construção de uma verdadeira sociedade inclusiva passa também pelo cuidado com a linguagem. Na linguagem se expressa, voluntária ou involuntariamente, o respeito ou a discriminação em relação às pessoas com deficiência. Por isso, vamos sempre nos lembrar que a pessoa com deficiência antes de ter deficiência é, acima de tudo e simplesmente: pessoa. Então, nada de “especial ” tudo bem?

Gostaria também de levantar um ponto muito chato é que “sofro” bastante e “ouço” com frequência é relacionado ao usar a minha surdez para conseguir ou obter vantagem de algo. Sendo que tirar proveito de uma situação não é uma característica inerente à deficiência; e a pessoa com deficiência não necessariamente o fará. Entretanto, sabemos que algumas culturas estimulam o sentimento de piedade das pessoas, em relação à pessoa com deficiência e esta, por conseqüência, pode incorporar esse tipo de atitude em seu comportamento. Se pararmos para refletir, podemos observar que, em vários momentos de nossa vida, procuramos justificar nossos atos, utilizando nossas fraquezas como argumento.

Também, não é correto dizer que alguém é surdo-mudo. As pessoas surdas apresentam condições físicas e fisiológicas necessárias para falar. Algumas não falam porque não foram ensinadas, outras porque acham que a língua favorece a efetivação e a agilidade na comunicação, e outras ainda por opção.

Todo surdo pode escutar algum tipo de som. A maioria ouve sons de forte intensidade e graves (trovão, batida de porta). Assim como a visão, a audição também se efetiva em graus. Alguns surdos conseguem ouvir a voz e escutar a fala ao telefone. A impressão de que às vezes o surdo responde a sons e outras não, fazendo com que o ouvinte pense que “escutam quando querem” deve-se a alguns fatores: a distância da emissão do som, a freqüência da voz da pessoa que fala, o tipo de som (grave/agudo), a intensidade do som (forte/fraco) e também, o nível de atenção do surdo ao som emitido.

Já em relação a leitura labial e finalizando nosso post de hoje, a leitura labial não é uma habilidade natural, em todo surdo. Esta precisa ser ensinada, como se ensina leitura, escrita, etc. Poucas pessoas surdas fazem uma boa leitura labial (ler a posição dos lábios), Especialmente porque a pessoa ouvinte, ao se comunicar com um surdo, esquece-se da deficiência, vira-se para os lados, usa bigode, e isso atrapalha a visualização da boca do falante. A maioria faz o que se chama leitura da fala (visualização de toda fisionomia da pessoa que fala, incluindo sua expressão fisionômica e gestos espontâneos). Isto produz alguns problemas na comunicação. Uma minoria não consegue fazer nenhuma dessas leituras e só se comunica através de sinais, aprendidos no decorrer de sua história de vida familiar e social, ou mesmo através da Língua Brasileira de Sinais.

Fonte: SIVC, Deficiente OnLine, Prefeitura de São Paulo.

Edicão e Atualização: Blog dos Pernés.

Imagens: Reprodução!

 

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Ser surdo: A vida como ela é!

Surdo constroi próteses de braço com sucatas

Foi no dia, 5 de setembro de 2012, que a vida de José Arivelton Ribeiro de Fortaleza, nunca mais foi a mesma. Com a energia da lojinha de eletrônicos da família, cortada por falta de pagamento, e ninguém sabia quando a luz iria voltar, Arivelton decidiu retirar a antena de TV da loja para usá-la em casa.

Pendurou-se na janela, no segundo andar, e cometeu um erro quase fatal. Por descuido, a antena tocou um fio de alta tensão. A descarga de 18 mil volts arremessou Arivelton para dentro da sala, e chegou a derrubar a iluminação dos postes da região.

O choque feriu o pescoço e a língua de Arivelton, e também comprometeu o braço direito, que precisou ser amputado na altura do antebraço. Seria mais um obstáculo na vida desse cearense de 48 anos, que nasceu surdo e não aprendeu a falar. Mas rendeu uma bela história de dedicação.

Ari, como é conhecido, passa boa parte do dia  numa oficina de quintal. Em meio a peças recolhidas em depósitos e na cozinha da mãe, colocou na cabeça: irá construir a prótese mais barata existente, para devolver movimentos a si e a qualquer amputado como ele.

 

Em pouco tempo, ele produziu duas próteses do braço direito, uma mecânica e outra elétrica, e já trabalha na terceira, que deseja ser computadorizada. “Meu sonho é ajudar as pessoas”, diz Ari à BBC Brasil, sempre com ajuda da mãe na tradução.

O inventor autodidata, que se comunica por meio de sinais com a mão remanescente, construiu as próteses com peças descartáveis e partes de utensílios domésticos.

Sua primeira criação tem o antebraço em cano de PVC e tampa de panela; o punho é um bico de secador de cabelo; os dedos são canos de alumínio, acionados por elásticos de prender dinheiro; e a palma da mão exibe uma borracha, para garantir aderência ao segurar objetos.

Bastou um mês de trabalho, ainda no ano do acidente. Ao todo, Ari investiu R$ 400, até 20 vezes menos do que uma prótese similar no mercado. A inspiração veio em vídeos na internet. O braço, porém, não é fixo, como a maioria das próteses mecânicas.

O punho é flexível e ele aciona os dedos com movimentos no ombro esquerdo. Era a independência que o inventor buscava.

Cotidiano

Com o mesmo braço que sempre usou, Ari agora corta pão, pega copos e até dirige seu carro. E não se trata de um veículo automático, mas um Fusca com câmbio daqueles que pedem força para passar a marcha – com a mão direita, diga-se de passagem.

Mas o inventor não se dá por satisfeito. “No mesmo dia em que terminei a primeira prótese, já queria fazer uma mais moderna”, diz.

Na escala evolutiva das próteses de braços, o degrau seguinte de uma mecânica é a elétrica. Nela, o movimento dos dedos é acionado por uma bateria, com comandos feitos com a outra mão ou por meio de eletrodos que captam os impulsos dos nervos na região da amputação.

 

O inventor leu sobre isso em tutoriais na internet e decidiu fazer sua prótese elétrica. Em oito meses, o dispositivo estava pronto. Bem mais moderno que o primeiro.

Novo invento

Ari construiu um braço que, com acionamento mecânico a partir do ombro, movimenta os dedos por corrente elétrica. A energia é enviada a partir de uma bateria de nobreak, através de um motorzinho de janela de carro.

O material da segunda criação é ainda mais rudimentar do que o da primeira. No antebraço há um copo de coquetel, tubo de extintor de incêndio e pedaços de panelas. Os dedos são correntes de bicicleta, ligados à mão por meio de colheres.

 

Agora, Ari está trabalhando em uma prótese semelhante à segunda, porém mais leve. Tanto a segunda quanto a terceira deverão custar menos de R$ 2 mil, até 15 vezes mais baratas do que uma convencional nesse patamar.

Para produzir suas invenções, Ari investe parte de sua aposentadoria por invalidez (R$ 880) e dos bicos que faz consertando TVs e computadores em casa. “Acho linda a força de vontade dele”, afirma a mãe.

A lojinha de eletrônicos, antigo sustento da família, foi vendida no dia do acidente. O trauma foi grande para todos, e emociona os parentes até hoje.

Uma quase tragédia

Aquele final da tarde de setembro de 2012, data que a família não esquece, sumiu da memória de Ari. “Eu apaguei. Não me lembro de nada.”

Sorte que ele estava acompanhado da mãe, técnica de enfermagem. “Fiz massagem cardíaca e respiração, então o coração voltou a bater”, relembra Socorro.

“Com poucos dias, a mão começou a necrosar, então meu irmão chamou os médicos e pediu a amputação no antebraço, onde ficou um machucado em forma de anel, para não correr o risco de perder o braço inteiro”, relata o irmão Rusivelton.

O cearense nasceu com perda total da audição, limitação constatada quando ainda era bebê. Ao longo da infância e da juventude, aulas de Libras (Língua Brasileira de Sinais), no Instituto Cearense de Educação de Surdos, minimizaram dificuldades de comunicação com os pais e os irmãos.

Os pais de Ari se separaram pouco antes do acidente – hoje Auri mora em Fortim, a 135 km de Fortaleza. Socorro se divide com a neta, e também com o filho Rusivelton, no suporte ao filho mais velho. Essa atenção é importante, sobretudo para “controlar” o ímpeto criativo de Ari.

“Dia desses, ele viu em um vídeo um cientista tentando fazer um motor de carro funcionar com água. Ele quis fazer o mesmo, só que deu uma explosão danada em casa. Minha mãe me ligou desesperada, para convencê-lo a parar com essas coisas”, diz o irmão.

Ari volta e meia se acidenta – já cortou a mão esquerda com seus equipamentos. “Quando bota uma coisa na cabeça, meu pai às vezes fica obcecado. Então a gente tem de estar sempre de olho, para colocar um freio”, confidencia Sara.

Sua história de vida sensibilizou o dono de uma empresa de próteses de Sorocaba (SP). Dele, Ari ganhou duas próteses elétricas, de R$ 15 mil e R$ 30 mil, além de R$ 10 mil para investir em seu trabalho. Com os presentes, Ari conseguiu renovar a carteira de motorista, já que a legislação de trânsito não permite a um amputado dirigir com prótese sem avaliação de segurança. Agora, não há mais o risco de ser parado em alguma blitz.

Hoje ele se divide entre uma das próteses que recebeu e a primeira que produziu, dependendo da necessidade. Isso porque uma das próteses que recebeu, apesar de mais moderna, não tem mobilidade no punho.

Quando uma das peças doadas deu problema, o inventor não teve dificuldade para abri-la e consertá-la. Em casa, Ari é considerado o “gênio” da família – avaliação compartilhada até por especialistas.

Futuro

A reportagem da BBC Brasil apresentou Ari aos donos de uma empresa de próteses de Fortaleza. Os irmãos Roberto e Carlos Henrique Enéas ficaram impressionados ao conhecer os inventos.

– “Esperava ver algo muito mais simples. É incrível que algo assim seja feito numa oficina”, diz Roberto, fisioterapeuta e protético, de 34 anos.

Embora haja cursos técnicos, que capacitam profissionais de saúde para atuar no ramo. Não existe um curso superior no Brasil que ensine a produzir próteses de membros superiores ou inferiores.

Fonte (Textos e Imagens):  Último Segundo (Site IG)G1BBC Brasil.

Edição: Blog dos Pernés

Surdos realizam trabalho exemplar no Superior Tribunal de Justiça (STJ)

O Tribunal de Justiça de Mato Grosso contratou uma mão de obra muito especial e que está fazendo um trabalho extraordinário na Secretaria Auxiliar da Vice-Presidência, onde tramitam 14 mil processos. Desde outubro deste ano, o TJMT passou a contar com o trabalho de 10 surdos que atuam na higienização, digitalização e montagem de processos que são enviados ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

De um volume de 50 mil páginas de processos digitalizadas por mês, esse número saltou para mais de 164 mil páginas/mês com o trabalho minucioso realizado pelos surdos nos últimos dois meses.

“A contribuição é múltipla. Uma mão de obra especializada e com condições especiais de concentração, como é a pessoa que tem deficiência auditiva, não apenas colabora com essa triplicação de rendimento, mas principalmente com a inclusão social que isso significa. São 10 pessoas a mais que estão no mercado de trabalho e que representam um segmento que tem pouca chance no mercado”, frisou a vice-presidente do TJMT, desembargadora Clarice Claudino da Silva.

Essa falta de chance é bem conhecida por Euzita Maria da Costa, 34 anos, que está trabalhando pela primeira vez com carteira assinada. “É muito difícil termos oportunidade. Estou muito alegre por trabalhar aqui, pois nunca trabalhei nessa área e nunca trabalhei de carteira assinada. O Tribunal de Justiça está me dando uma oportunidade que normalmente só é dada para quem ouve. Tenho aprendido muita coisa”, afirmou Euzita com o auxílio da intérprete e supervisora do departamento de digitalização, Janaine Souza.

“É muito importante porque é um meio de estarmos incluídos dentro da sociedade e do meio trabalhista. Lá fora, o percentual de trabalho é muito pouco para os surdos. Sempre é um trabalho escravizado, difícil, sofrido. Aqui nos deram uma oportunidade e estamos nos esforçando para fazer um bom trabalho”, observa Karine Diglianne, 39 anos, que também é professora na rede municipal de ensino e trabalha na Prefeitura de Cuiabá.

A vice-presidente visitou os servidores da Secretaria Auxiliar da Vice-Presidência e os parabenizou pelos bons resultados alcançados nos dois anos em que esteve à frente da Vice-Presidência, bem como pelo projeto de contratação dos surdos para aprimorar ainda mais o trabalho que já é eficiente.

“Quero agradecer a dedicação dessa equipe especial, valiosa, que alcançou resultados consolidados e é um exemplo de inclusão social e um exemplo de que todos precisamos muito uns dos outros”, enfatizou a magistrada.

De acordo com a gestora-geral da Secretaria, Paula Paranaguá, atualmente o TJMT cumpre determinação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de que ao menos 80% dos processos devem ser remetidos por envio eletrônico para que o Estado tenha isenção de remessa e retorno. Com isso, os custos com envio por meio físico pelos Correios são reduzidos.

“Foi a melhor opção para nossa instituição. O desempenho deles é exemplar. Toda a sociedade ganhou com um trabalho de qualidade, especializado – é a mão de obra que mais se mostrou apta para essa atividade – e a instituição acabou prestando esse benefício da inclusão em uma atividade que não é comum conseguir ocupá-los”, disse a gestora.

Fonte: http://expressomt.com.br/matogrosso/surdos-realizam-trabalho-exemplar-no-tjmt-170379.html

Projeto no Amazonas promove teatro inclusivo para surdos

As lendas da Amazônia estão sendo contadas em Libras, a Língua Brasileira de Sinais, por surdos e para surdos, no município de Maués, no Amazonas. O projeto, chamado Teatro Inclusivo, ocorre desde 2014, produzido pelo Instituto Federal de Educação do Estado (Ifam), no campus na cidade.

Segundo o professor Maxiliano Batista de Barros, que coordena o trabalho, a ideia é fazer com que as pessoas com deficiência auditiva tenham acesso à cultura da região onde vivem. “Isso que é gratificante. Eles terem acesso a essas histórias que fazem parte da cultura, não por serem surdos, mas por serem amazônidas, pessoas da região que têm o direito de conhecer nossa cultura local, que é riquíssima”.

De acordo com o professor, os surdos criaram sinais para representar, principalmente, símbolos característicos da cultura amazônica, como é o caso do guaraná. “O guaraná é uma identidade, não da comunidade surda, mas, sim, do povo Maué, da etnia Sateré-Mawé, do município de Maués. O guaraná é a identidade local da cidade. O povo Mawé foi o primeiro a cultivar o guaraná, então, teríamos que ter um sinal próprio, nosso, para representar isso em Libras de forma identitária”, ressaltou. Para criar as peças em Libras, duas alunas fizeram uma pesquisa de campo para coletar as histórias que são contadas por idosos, nas comunidades ribeirinhas. “Isso foi algo que vi a partir da minha própria realidade. Quando eu era criança, quem contava essas histórias era a minha bisavó, que era indígena baré. E aí surgiu a ideia de fazer, através de um projeto de extensão, a catalogação de algumas histórias. Nós delimitamos que as alunas fizessem o levantamento de cinco histórias e elas fizeram seis. Esse material, que foi filmado e depois transcrito, nós levamos para o Instituto, convidamos a comunidade surda, e eles começaram a criar os sinais que não existiam ainda”, disse Barros.

A história da origem do guaraná é uma das três lendas que já viraram peça teatral. As outras são a do boto e a do Jurupari, também conhecido como Mapinguari, que é um ser mitológico da Amazônia. A ideia é que, em breve, outras lendas, como da Matita Pereira, da Cobra Grande, do curandeiro Anselmo, sejam também interpretadas em Libras. As apresentações são feitas uma vez por ano no instituto e em eventos da cidade de Maués. Atualmente, oito pessoas fazem parte do grupo. Entre elas, além dos surdos, há participantes com outros tipos de deficiências.

“Tem um cadeirante que tem paralisia cerebral que atua magnificamente. Ele incorpora o personagem. O trabalho fica riquíssimo com a participação, não somente dos surdos, mas de alunos com outras deficiências. É por isso que, em 2017, nós queremos dar oportunidade para a participação de alunos e pessoas com outras deficiências nos nossos projetos.”

“Na verdade, esse é um trabalho de sensibilização. Fazer com que justamente as famílias busquem aprender a língua de sinais. A procura só tende a aumentar aqui no instituto. Quando a gente divulga um curso de Libras, em dois dias, no máximo três, todas as 30 vagas são preenchidas. É rápido. A gente vê que a família gosta, que fica emocionada quando vê o seu filho realizar uma atividade que nunca imaginaria que ele teria essa potencialidade”, contou o professor. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE), de 2010, mostram que Maués tem 53 mil habitantes e 14 mil deles têm algum tipo de deficiência em variados níveis. As pessoas com deficiência auditiva seriam cerca de 2 mil. Segundo o professor, há 33 surdos na cidade, com deficiência severa, que são usuários da Libras, e que precisam de intérpretes. Ele conta que o projeto também tem estimulado parentes e amigos de surdos a se interessarem pela Língua Brasileira de Sinais.

A expectativa é que o projeto também seja transformado em vídeo, em 2017, com as peças teatrais das lendas interpretadas em Libras. Além disso, essas histórias poderão ser contadas ainda para pessoas com deficiência visual, por meio de audiodescrição e um livro em braile.

Edição: Maria Claudia (Agência Brasil)

Língua de Sinais para o seu bebê!

Em parceria com a nossa amiga virtual Fernanda Bastos, lá do Instagram, que mora em Lisboa/ Portugal, hoje vamos falar da Língua de Sinais para bebês.

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E sabe o diferencial? Você e seu bebê não precisam ter problemas auditivos. Vamos saber mais?  Ela conta tudo pra gente:

Objetivos: Os principais objetivos da Língua de Sinais para Bebês são facilitar a comunicação entre pais e bebês, e diminuir a frustração do bebê. Por isso não importa se você decidir ensinar para o seu bebê sinais baseados em ASL (Língua de Sinais Americana), na LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) ou se você até mesmo inventar alguns sinais. A técnica e os princípios são os mesmos: diversão, repetição, motivação e expansão.

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Vantagens: A Língua de Sinais para Bebês requer habilidades motoras básicas para que o bebê possa fazer os sinais. Ao ensinar essa técnica para o seu bebê, você ganha mais ou menos um intervalo de 1 ano no qual você pode se comunicar com o seu bebê através de sinais, enquanto ele ainda não aprende a falar. À medida que os bebês vão aprendendo a falar, eles naturalmente vão deixando de se comunicar através de sinais e a fala se torna a sua forma dominante de comunicação.

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Porém, se você decidir continuar ensinando para o seu bebê a Língua de Sinais, mesmo depois que ele aprenda a falar, isso terá 2 vantagens principais: (1) seu filho irá aprender uma segunda língua, o que será muito bom para o currículo acadêmico dele no futuro e (2) ele também irá desenvolver a capacidade de se comunicar com pessoas com deficiência auditiva. Não é demais?

Para saber mais:

  • Siga o Instagram: @maozinhasquefalam

 

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Ser Surdo: A Vida como ela é! 

 

Responsabilidade Social: Acessibilidade no Shopping Rio Mar Recife

Na minha rápida passagem por Recife, conheci o super super lindo e enorme Shopping Rio Mar Recife.

E uma das coisas que mais gostei, foi o monitor acessível. Olha o Hugo gente:

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No shopping Rio Mar Recife, o Hugo é o guia interprete do Shopping.  – Qualquer um que saiba a Língua de Sinais, pode entende-lo. Não é máximo?

Isso mesmo, eles tem o Hand Talk, tecnologia que realiza tradução digital e automática para Língua de Sinais, utilizada pela comunidade surda.

A solução oferece ferramentas complementares ao trabalho do intérprete para auxiliar a comunicação entre surdos e ouvintes. A empresa foi criada em 2012, já foi premiada internacionalmente e é referência no segmento. Além de ser comandada por um simpático intérprete virtual, o Hugo.

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Hugo, o personagem 3D que torna a comunicação interativa e de fácil compreensão para os surdos.

O personagem é um fofo, e tudo que ele diz, em Língua de Sinais  é bem fácil de entender.

Ainda no assunto, Inclusão e Acessibilidade, o RioMar Recife dispõe de elevadores com acessos a todos os pisos e banheiros adaptados para pessoas com deficiência física (atenção, Shopping Rio Mar Recife, não é portadores), além da cortesia de cadeiras de rodas convencionais e quadriciclos elétricos para que os clientes circulem com mais agilidade pelo Shopping.

Parabéns aos administradores!  Amei estar com vocês e saber que estão sempre se esforçando em tornar o passeio das pessoas com deficiência no Shopping ainda mais prazerosa e confortável, com certeza foi um dos pontos altos da minha viagem a cidade, a grande e linda Recife.

Leia também quando a Daiane falou desse Tradutor de Libras quando ela começou o blog dela, o antigo Daia Make e Tal. Ah, e logo logo teremos ele aqui também.

Até a próxima!

 

Das séries que amamos: “Switched at Birth”

Switched at birth (Trocadas ao nascer, em tradução livre) é uma  série exibida pelo canal americano ABC Family, atualmente Freeform. A série basicamente conta a história de duas meninas trocadas na maternidade.

Bay Kennish cresceu em uma família rica, com seus pais e um irmão. Enquanto isso, Daphne Vasquez cresceu filha de mãe solteira. Além disso, a garota contraiu meningite quando criança, sendo então surda como sequela da doença. A situação se torna dramática quando as famílias descobrem a troca, se encontram e precisam aprender a viver juntas, decidindo morar todos na mesma casa.

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Elenco:

  • Bay Kennish (Vanessa Marano) é uma das jovens trocadas. Foi criada como filha de um ex-Senador e jogador de beisebol, e sempre viveu em uma vizinhança de classe alta. Ela é uma artista que luta para que seus pais reconheçam seu trabalho;
  • Kathryn Kennish (Lea Thompson) é a mãe criação da Bay. Faz a típica a dona-de-casa rica. E odeia ficar mal falada pelos vizinhos esnobes;
  • John Kennish (D. W. Moffet), pai de Bay e Toby, marido de Kathryn;
  • Toby (Lucas Grabeel) é músico, irmão de criação de Bay e filho biológico de Kathryn e John;
  • Daphne Vasquez (Katie Leclerc) é a outra garota, que é surda, mas que  consegue se comunicar com as pessoas ouvintes desde que tenha contato visual, para que ela possa fazer leitura labial. Ela estuda em um colégio especial para surdos;
  • Regina Vasquez (Constance Marie), mãe de Daphne, e faz uma cabeleireira orgulhosa e ex alcoólatra, até que as famílias juntem, vive com sua filha numa vizinhança pobre da cidade.

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Drama, comédia, surdez e Inclusão Social

A série aborda profundamente a temática da surdez, língua de sinais e cultura surda. Porém tem uma história de drama, romance e comédia. A maioria dos episódio contém várias cenas que são utilizadas a ASL – Língua Americana de Sinais. No Brasil é exibida com legendas em português, no canal Sony.

Já vi as quatro primeiras temporadas e estou super ansiosa pela quinta que já está para sair do forno.

Daphne Vasquez

Sem sombra de dúvidas minha personagem favorita é Daphne Vasquez a surda Katie-Leclerc-on-Switched-at-Birth_home_top_storyoralizada, que assim como eu e o Thiago se comunica pela Língua de sinais, e convive com vários ouvintes que não sabem a língua. É tocante, pois na série ela passa por várias situações, muitas delas constrangedoras semelhantes as nossas e de vários outros surdos.

 

A Daphne, é intepretada pela atriz Katie Lynn Leclerc, e também assim como seus pai e irmã, ela também é surda, devido “Síndrome de Meniere”, um distúrbio degenerativo interno no ouvido cujos sintomas incluem perda auditiva e tontura. Nem preciso dizer que super recomendo essa série, e para quem ainda não viu, só posso dizer que vale a pena!

E vocês já assistiram? Qual a série favorita de vocês?

Continue reading “Das séries que amamos: “Switched at Birth””

Ser surdo: A vida como ela é!

Baseados em fatos reais:

Imagine que está num país que em você desconhece a língua falada local. Além disso, você está preso dentro de uma sala fechada de vidro, a prova de som. 

As pessoas passam, elas te enxergam, você as vê. Algumas tentam falar com você mas você não as entende. Pode ser que consiga entender uma palavra ou outra mas desconhece o significado ou contexto da mesma. 
As pessoas batem no vidro, gesticulam e fazem mímicas e você nada de entender. Algumas escrevem ou desenham. Outras gritam e perdem a paciência em se comunicar com você com o tempo. Como se sentiria? 

Imagine agora, que isso aconteça todos os dias e você não pode fazer nada a não ser esperar o dia passar e noite chegar. E no dia seguinte você acorda com esperança que esse dia vai ser diferente, mas tudo parece um “dejavu” do dia anterior. Tudo que aconteceu anteriormente se repete. Como se sentiria?

De fato, isso acontece diariamente com cerca de 9,7 milhões de surdos ou pessoas com problemas de audição no Brasil. Estamos presos numa sala de vidro, onde não somos compreendidos e não escutamos ou escutamos e não compreendemos o que é dito. Onde pessoas repetem quando não escutamos, em determinado momento gritam achando que vai nos ajudar e que temos obrigação de ouvir e entender tudo que eles dizem, já que muitos de nós temos até aparelhos auditivos.

Surdos, podem se isolar quando não se sentem amados por familiares e amigos próximos!

Diariamente os surdos lutam para sobreviver no mundo ouvinte e egoísta em que a grande maioria de fato nãos os compreendem. 
Muitas pessoas se sensibilizam é verdade. Mas poucos agem, poucos tem paciência e vontade de ajudar. Infelizmente, esta é a realidade de nossas vidas e ela não é fácil para muitos de nós surdos ou que não escutam bem. Falo por mim, por minha mãe, tias, primas, irmã e tantos amigos. Isso me deixa muito triste, mas do que alguém possa imaginar.

Quer ajudar? 
Ajude, mas que seja de coração. 
Seja paciente, bondoso e tenha empatia. 
Fale devagar e em tom normal.
Aprender a língua de sinais ajuda? Sim, ajuda demais, mas se você não tem as qualidades já mencionadas não vai ser de muita ajuda.

Para ler mais: 

Tradutor de Libras para sites e blogs

Bom dia, Belezuras!!

Estou começando hoje o meu Blog: Daia make e tal, nele falarei sobre tudo da área da beleza que interessa a nós meninas ( maquiagens, cabelo, unhas e afins).

E não poderia deixar de colocar um tradutor de Libras em meu blog. Eu como surda sei bem da dificuldade de encontrar um blog ou canal do youtube com legenda ou tradução. Por isso, coloquei o tradutor em Libras. 

  Para quem se interessar também em colocar o link é esse: 

    http://app.handtalk.me/ 

Existe também outro tradutor, esse eu não consegui ativar no meu blog, ele é o :

http://weblibras.com.br/

 

Por que traduzir meu site? De acordo com o Censo 2010 do IBGE, existem mais de 10 milhões de surdos e grande parte desta população utiliza Libras como sua língua principal e muitas vezes possuem apenas um conhecimento básico da língua portuguesa.A Libras é a segunda língua oficial do Brasil, instituída pela Lei 10.436/2002 e regulamentada pelos decretos 5.296/2004 e 5.626/2005, os quais obrigam a sua aplicação como veículo de comunicação e acessibilidade aos surdos do país.A Língua Brasileira de Sinais é independente e distinta do português. Boa parte dos surdos brasileiros possuem grande dificuldade de compreender a língua portuguesa, mesmo em sua forma escrita. Daí a importância de estabelecer um canal de comunicação com esta parcela da população através do tradutor, que torna seu site acessível e sua empresa aderente à inclusão social. Bom dia, até a próxima!

26 de Setembro é o Dia do Surdo

Ontem, 26 de setembro foi comemorado o Dia do Surdo. 

Eu eu como surdo e vários membros da minha família tb como já contei pra vocês aqui, não poderia deixar de fazer esta postagem.

Data em que são relembradas as lutas históricas por melhores condições de vida, trabalho, educação, saúde, dignidade e cidadania. Muitos que não conhecem a historia dos Surdos no Brasil talvez se perguntem: Porque comemorar o Dia do Surdo? Na verdade, se tem muito a comemorar, afinal hoje as condições de vida das pessoas surdas são muito melhores do que antes.

Todas as conquistas e avanços obtidos só reforçam a importância da existência do Dia do Surdo, para comemorar o que já foi conseguido e, principalmente, para lembrar que ainda se tem muito a lutar!
Conheça e clique aqui para ler a cartilha do dia dos surdos no site da Feneis. No mesmo site você poderá aprender também um pouco sobre a Língua de Sinais, não perca a oportunidade. 

Abraços!