Oportunidade imperdível para todas idades: Aprender a Língua de Sinais

Muitas pessoas não sabem, mas, desde 24/04/2002, a Libras (Língua Brasileira de Sinais) é reconhecida como a segunda língua oficial do Brasil, assim como o português.

Mesmo assim, só uma pequena população sabe se comunicar em Libras – realidade que faz com que a vida das pessoas surdas (cerca de 9,7 milhões de brasileiras e brasileiros, segundo o Censo do IBGE 2010 ) seja bem mais difícil do que a das ouvintes.

Imagine a seguinte situação: você não fala nem escreve ou lê em japonês e vai passar uma semana no Japão – não tem a mínima ideia de como se pede pra ir ao banheiro ou como se pergunta aonde fica o restaurante mais próximo.

Complicado, não é? Agora e se você tivesse que viver isso todos os dias e no seu próprio país? Saiba das dificuldades dos surdos hoje e aprenda mais sobre os mesmos.

A Libras é a primeira língua dos surdos do Brasil, e a segunda língua oficial do país e aprendê-la é um sinal de amor a estes.

Para quem ama o próximo e quer aprender essa língua, deve saber que as oportunidades são muitas, e do bebê ao vovô, todos da sua família podem aprender. Vamos lá?

Para bebês:

Para Crianças: Apostila super legal e estilizada para crianças está disponível na web. Para saber mais, é só clicar aqui.

Para adolescentes, adultos e idosos: O Curso Libras na prática é indicado para todas as idades, e ainda está a disponível para todos (vagas limitadas).

Oportunidades Bônus:

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Não importa qual sua escolha, e sim a forma unica de amar, falar, ouvir e sentir através das mãos.

Dúvidas, estou a disposição aqui nos comentários ou nas redes sociais. Até breve!

A Língua escrita de sinais

Você sabia que existe a Língua escrita de Sinais? Pois saiba que sim, e trata-se do SignWriting.

Olha que gracinha!

E ela consiste basicamente num sistema de escrita da língua de sinais, que foi criado por Valerie Sutton em 1974, e é capaz de transcrever a línguas de sinais do mesmo modo que o Alfabeto Fonético Internacional é capaz em relação as línguas faladas. Ou seja, o SignWriting pode registrar qualquer língua de sinais do mundo sem passar pela tradução da língua falada. Cada língua de sinais vai adaptá-lo a sua própria ortografia.

Existem, inclusive, títulos de livros infantis que empregam tanto o português, quanto o SignWriting, além de recontar histórias clássicas a partir de personagens surdos como é o caso de “Rapunzel Surda” e “Cinderela Surda”, além do Onze histórias e um segredo – Desvendando as Lendas Amazônicas.

Rapunzel Surda – Um livro que emprega tanto o português, quanto o SignWriting.
Imagem: Reprodução

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Língua de Sinais na Starbucks

A Starbucks inaugurou recentemente sua primeira loja que incorpora a ASL – Língua de sinais Americana.

A fachada convidativa da loja que está localizada na 6ª e a rua H, em Washington, DC, fica próximo à Universidade Gallaudet, uma escola para alunos surdos e com deficiência auditiva. Detalhe: Ela é a única, mundialmente, que permite com que problemas auditivos ou perda total da escuta consigam ter acesso à educação – desde o primário até mesmo o doutorado.
Imagem: Reprodução da Internet.
A decoração não deixa a desejar… – Imagem: Reprodução da Internet.

Embora alguns funcionários em outros locais da Starbucks possam receber pedidos feitos usando a língua de sinais americana, todos os funcionários nesse local são proficientes em ASL.

…e nem o atendimento. – Imagem: Reprodução da Internet.

“Além de criar um ambiente totalmente acessível para os membros da comunidade surda, essa nova loja cria oportunidades de emprego e avanço para pessoas surdas e com deficiência auditiva, como baristas, gerentes de loja e outras funções”, disse a presidente da universidade, Roberta J. Cordano, em entrevista ao The Independent.

Funcionários surdos e ouvintes proficientes na Língua de Sinais fazem parte da equipe.
– Imagem: Reprodução da Internet.

O que também é muito legal, é que diferentemente de outros cafeterias da rede nos Estados Unidos, neste o silêncio impera, apesar da grande quantidade de pessoas, rara em uma manhã de terça-feira.

Rebecca Witzofsky, de 20 anos, e seu amigo Nikolas Carapellatti, de 22, esperavam com ansiedade a inauguração do primeiro Starbucks com este tipo de atendimento nos Estados Unidos, que segue o modelo de outro aberto em 2016 em Kuala Lumpur, na Malásia.

“Isto oferece às pessoas surdas um local, fora do campus universitário, onde podem socializar e comer”, diz Rebecca, estudante da Universidade Gallaudet, uma das poucas no mundo dedicada a quem tem dificuldades de audição ou são surdas.

“Em um Starbucks ‘normal’, ou tento me fazer compreender falando, ou peço à equipe o que quero pelo meu celular”, conta. “Aqui o seu nome aparece em uma tela quando o seu pedido está pronto, você não tem que fazer esforço para entender”.

Sentados com suas bebidas, Albert e Peggy Hlibok, um casal de aposentados, aproveitam a ocasião de poder “entrar no mundo dos que escutam”.

“É uma oportunidade formidável para todo mundo”, afirma a senhora Hlibok com a ajuda de um intérprete. “Isso mostrará às pessoas que não precisam ter medo de se comunicar com pessoas surdas”.

Imagem: Reprodução da Internet.

A loja foi inspirada pela Starbucks em Kuala Lumpur, Malásia, que abriu em 2016 com nove funcionários surdos. A inauguração foi em outubro/2018 e sei já tem quase 3 meses, mas eu soube agora, mas vale a pena ser registrada aqui, pois simplesmente amei. Parabéns a Starbucks!

Livro: ABC em Libras da Panda Books

O mês de setembro é muito especial, e como já dito por aqui é o mês que comemora-se o Dia dos surdos. E assim, estamos repletos de novidades e dicas do mundo surdo. E o que eu acabei de receber aqui é o livro: ABC em Libras da editora Panda Books.

 

De Benedicta A. Costa dos Reis e Sueli Ramalho com Ilustrações de Fábio Sgrori, o livro garante que as crianças (e adultos) possam aprender muito da Língua de Sinais. Com muita animação conta todo o alfabeto e belas ilustrações. Um obra com preço acessível e que super indico. Amei mesmo!

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Criando bons hábitos de leitura nos pequenos

26 de Setembro – Dia do Surdo

Hoje é o Dia Nacional do Surdo, mas seja por desrespeito à legislação ou por falta de políticas públicas mais efetivas, o fato é que esse dia que é comemorado todos os anos em 26 de setembro, passou a ser uma data de engajamento e conscientização.

Imagem: Reprodução

E o próprio mês de Setembro como um todo é para a comunidade surda chamado de Setembro Azul. Pois o mês como um todo, serve para celebrarmos a comunidade envolvida com a causa e pensarmos mais sobre a inclusão dos surdos na sociedade.

Uma barreira em especifico que eu encontro é a falta de interpretes em locais exigidos por lei, como em meu trabalho. Por isso, aqui no blog, fizemos uma série de posts sobre o tema. Ainda não leu? É só clicar aqui. E não paramos por aí, continuaremos fazer mais.

E que venham mais dias em que todos reconheçam nós surdos como iguais. Também somos pessoas competentes, inteligentes e profissionais. E que merecemos ter os mesmos direitos e oportunidades.

Parabéns a todos os surdos, que a cada dia possamos vencer obstáculos e acabar com os preconceitos impostos pela sociedade.

Viva eu, Viva o Blog, Viva os Surdos!

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Os Mitos e as verdades da Surdez – “Terminologias”

Os Mitos e as verdades da Surdez – “Terminologias”

Nem sempre, quem se identifica como surdo gosta de ser chamado de deficiente auditivo, pois não se vê como uma pessoa com deficiência, mas sim como alguém que fala uma outra língua. Mas existe quem se identifique como deficiente auditivo, sem necessariamente usar a Língua de Sinais para se comunicar. A quem discorde, mas a minha visão é que essas pessoas não fazem parte da comunidade surda, pois não compartilham de sua cultura ou forma de comunicação e na grande maioria das vezes, eles são oralizados e fazem leitura labial para se comunicarem com os ouvintes.

De qualquer forma na dúvida, você pode perguntar, como a pessoa gostaria de ser conhecida. Uma coisa é certa, o termo surdo-mudo é incorreto e nunca deve ser usado. E o mesmo vale para termos pejorativos como mudinho (a). A pessoa ser deficiente auditiva não significa que ela seja muda. A mudez é uma outra deficiência e é raro ver as duas acontecendo ao mesmo tempo. A realidade é que muitos surdos, por não ouvir, acabam não desenvolvendo a fala.

Descarte também de seu vocabulário os termos “Especiais”, “PNE” e/ou “Portadores de Necessidades Especiais”, “pessoa portadora de deficiência” e “portadores de deficiência”. Estes eram associados as pessoas com alguma deficiência, conforme já falamos aqui por influência do Ano Internacional e da Década das Pessoas Deficientes, estabelecido pela ONU. Assim, essas terminologias vieram na esteira das necessidades educacionais especiais de algumas crianças com deficiência, passando a ser utilizada em todas as circunstâncias, inclusive fora do ambiente escolar.

Mas como valoriza-se a pessoa acima de tudo, independentemente de suas condições físicas, sensoriais ou intelectuais, a terminologia utilizada passou a ser “pessoas com deficiência”, que permanece até hoje. Esse termo faz parte do texto aprovado pela Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidades das Pessoas com Deficiência, aprovado pela Assembleia  Geral da ONU, em 2006, e ratificada no Brasil em julho de 2008.

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A Língua Brasileira de Sinais – Origem e Curiosidades

Para uma sociedade justa e inclusiva é essencial a empatia e o esclarecimento. E para quem não sabe o mundo surdo pode ser tão triste, e silencioso e bem quieto, como se imagina. Hoje mesmo estava pensando nas quantas oportunidades que já perdi por apenas não escutar bem, ou por vergonha de pedir para a pessoa repetir mais de uma vez.

Mas não é o fim do poço e graças a Língua Brasileira de Sinais eu posso ouvir e falar com a mãos.

E para quem não sabe, a Língua de Sinais – Libras, diferentemente do que aconteceu com a Língua Portuguesa, que tem como língua mãe o português de Portugal é de origem francesa, tendo como língua mãe a Língua Francesa de Sinais. E foi em 1857 que, a pedido de Dom Pedro II, o conde francês Hernest Huet, que era surdo, veio ao Brasil com a missão de abrir a primeira escola para surdos do País. Os surdos daqui que já possuíam alguns sinais para se comunicar, incorporaram à sua Língua os sinais da Língua Francesa de Sinais, dando origem a Libras. Que se tornou um meio de comunicação oficial do Brasil. Sim, e ela é uma língua viva que como qualquer outra e está todo o tempo mudando, melhorando e incorporando novos sinais

Oficializada

Conforme já falamos aqui de acordo com a lei brasileira, a Língua de Sinais, possui o mesmo status que o português. E é uma língua completa (e não linguagem), com estrutura gramatical própria. Na Libras, por exemplo, não existem tempos verbais ou artigos – a organização das informações é totalmente diferente do português. Além disso não só os sinais são importantes, mas também as expressões faciais e corporais. Dependendo do sinal, ele pode ser “igual” nas mãos, mas com movimento, ou uma expressão diferente, pode mudar todo o sentido de uma frase.

Universal

Como qualquer outra língua, cada local tem seu desenvolvimento próprio. Por exemplo, nos Estados Unidos a língua de sinais utilizada é a American Sign Language (ASL) e em Portugal é Língua Portuguesa de Sinais (LPS), ambas são diferentes da Libras. As línguas de sinais têm direito inclusive a regionalismos, assim como temos aipim, macaxeira e mandioca, também há sinais diferentes para a mesma palavra dentro do mesmo país.

 

Acessibilidade

Infelizmente, quase 70% dos surdos no Brasil não compreendem bem o português, por ter sua primeira língua como a Libras. Então, entrou em vigor a Lei Brasileira de Inclusão (LBI). E o legal é que ela promove mudanças significativas em diversas áreas como educação, saúde, mobilidade, trabalho, moradia e cultura. Uma das conquistas importantes é do acesso a informação, agora que os sites precisam estar acessíveis. Além disso, como também já conversamos, é exigido que os serviços de empresas ou órgãos públicos ofereçam acessibilidade para as pessoas com deficiência.

O sinal pessoal

No caso da Língua Brasileira de Sinais ao invés de fonemas e palavras faladas, são usados sinais para palavras, ações e todo o tipo de comunicação. E claro, também para os nomes! Todos os surdos que usam a Libras para se comunicar tem um sinal próprio, geralmente relacionado à sua aparência, característica ou personalidade.

Os ouvintes também podem ter sinais! Mas, devem sempre ser batizados por surdos! E se você parar para pensar nisso, faz todo o sentido do mundo! Em português e na absoluta maioria das línguas orais do mundo, os nomes são palavras, compostas por letras e fonemas. Mas, como isso pode fazer sentido para quem não usa fonemas para se comunicar?

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O direito ao Intérprete é respeitado em parto no Maranhão

Estava difícil controlar a ansiedade para conhecer o pequeno Maykon.

Imagem: Divulgação da Internet

A chegada do terceiro filho do casal Maik e Louize Oliveira é um capítulo especial na vida deles e de muito mais gente, a partir de então.

De acordo com o artigo forma inédita os pais puderam acompanhar e interagir com a equipe médica durante o parto e viver toda essa experiência como se fosse a primeira vez. E foi! Pela primeira vez no Maranhão, um casal com deficiência auditiva conseguiu o direito de ter o acompanhamento de um intérprete de libras durante o nascimento do filho.

Maikon nasceu na Maternidade Marly Sarney na segunda-feira  (7), com 4 kg, 52 cm e muita saúde.

“Eu estou muito feliz, graças a Deus deu tudo certo. Foi muito bom, o médico foi muito atencioso. Com a intérprete foi bem mais fácil a comunicação”, ressaltou a mãe do Maikon.

Emocionado, o pai conta sobre a realização de presenciar o nascimento do novo filho. “Eu tô muito emocionado e muito feliz”, comentou.

Durante a gestação Louize foi acompanhada pela intérprete Jacy Estrela, que é interprete da Central de Interpretação de Libras (CIL), serviço vinculado à Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop). Jacy acompanhou todo o pré-natal, auxiliando a mãe nas consultas médicas, planejamento familiar, exames, até o pós-parto.

“Intermediar essa comunicação foi um momento ímpar, único. O primeiro de muitos que a gente espera que ainda possa vir”, ressaltou a intérprete.

O parto cesariano foi rápido e tranquilo, durou cerca de 15 minutos. Com uma média de vinte partos por dia, a Maternidade Marly Sarney talvez ainda não estivesse ciente da importância do fato que aconteceria ali em algumas horas. Surpreso, o médico do plantão, Paulo Sérgio Gusmão Lemos, ficou contente com a novidade e emocionado por presenciar um momento tão bonito.

O Decreto Legislativo nº 186, de 9 de julho de 2008, em conformidade com o procedimento previsto no § 3º do art. 5º da Constituição do Brasil institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando a sua inclusão social e cidadania.

Parabéns a todos os envolvidos e a maternidade que respeitou a lei por  garantir direitos básicos como acessibilidade, comunicação informação e igualdade, previstos nos artigos 3º ao 6º a família surda.

Fonte: Ma10

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O alfabeto da Língua Brasileira de Sinais

Este é o alfabeto manual da Língua Brasileira de Sinais, e é também a primeira lição a aprender para conversar com pessoas surdas. Vamos aprender?

O alfabeto da Língua Brasileira de Sinais Fonte: Reprodução

 

Você sabia:

  • Sabia que cada país tem a sua Língua de sinais?
  • Nem todos os surdos se comunicam em Língua de Sinais?
  • No Brasil, a Língua Brasileira de Sinais é a segunda língua oficial do país?

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Sou surdo, mas tenho voz e exijo respeito – Mitos e Verdades!

  • Não escuto bem, as vezes falo alto, e em certas ocasiões pode parecer que apenas escuto quando quero ou quando me convém.

  • Talvez não tenha um temperamento fácil, e talvez nem sempre possa estar feliz e você entenda por ser surdo eu sou sempre nervoso ou muito revoltado.

  • Eu sou surdo, por isso devo ser conhecido como “surdo mudo”, ou devo ser tratado como “especial”, devido a minha “sensibilidade”.

  • Estou bem longe de escutar bem, por isso muitos acham que tenho o dom de justificar meus problemas devido a minha surdez, ou que sou expert na leitura labial.

Bem, quantas vezes você já pensou assim de uma pessoa surda ou com deficiência ou já ouviu alguém pensar ou comentar (mesmo que de brincadeira) desse modo? Pois bem, está na hora de sabermos a verdade e deixar para trás o preconceito. Vamos lá?

Primeiramente, nunca devemos generalizar, já que cada pessoa sendo surda ou não, é ímpar, tem suas particularidades, e em suas vidas infelizmente tem seus problemas.

Então podemos afirmar que a sensibilidade por exemplo, é uma característica que algumas pessoas desenvolvem, tendo ou não uma deficiência. Ou seja, qualquer pode apresentar diferentes limiares de sensibilidade.

 

E o que realmente acontece é as pessoas superprotegem, ou evitam críticas à pessoa com deficiência, preocupadas com sua “sensibilidade”. Mas a verdade e o contrario disso é que devemos tratar as pessoas com deficiência, da mesma maneira com que tratamos qualquer pessoa. Quando se superprotege, impedimos a pessoa com a exercitar sua auto-análise e assim, perceber e modificar-se, naquilo em que é inadequada.

O mesmo, podemos dizer em relação a “revolta ou nervosismo”, de alguém surdo ou que possuem qualquer deficiência. Esta é uma reação que qualquer pessoa pode sentir, quando não consegue administrar os problemas que enfrenta na vida, lidar com suas limitações, ou enfrentar situações de frustração. Todos conhecemos pessoas com deficiência bem resolvidas, que raramente vivenciam o sentimento de revolta.

Especificamente em relação ao nervosismo e aos surdos, a utilização de gestos, da ênfase na expressão facial, do esforço para falar e da ausência do feedback auditivo (não escutam os sons que emitem), fazem com que os ouvintes imaginem que os surdos estão “nervosos”. Na realidade, estão somente se comunicando, ou tentando se comunicar. Ser nervoso não é uma característica da surdez.

Por outro lado, todos também conhecemos pessoas que não têm uma deficiência, que se mostram verdadeiros “rebeldes sem causa”. O interessante é que dados da realidade não mostram uma correlação entre o grau de revolta apresentado por pessoas que nasceram com uma deficiência, e as que a adquiriram mais tarde na vida. O sentimento de revolta ou nervosismo relaciona-se com a forma com que cada pessoa administra sua relação com a realidade. Temos exemplos de pessoas que adquiriram uma deficiência quando já adultos, e que estão dispostos e prontos a enfrentá-la. Por outro lado, podemos observar pessoas que nasceram com algum tipo de deficiência e que nunca aceitaram essa condição, mantendo-se passivas, sem tomar qualquer providência para melhorá-la.

Importante lembrar que até a década de 1980, a sociedade utilizava termos como “aleijado”, “defeituoso”, “incapacitado”, “inválido”…

Passou-se a utilizar o termo “deficientes”, por influência do Ano Internacional e da Década das Pessoas Deficientes, estabelecido pela ONU, apenas a partir de 1981. Em meados dos anos 1980, entraram em uso as expressões “pessoa portadora de deficiência” e “portadores de deficiência”.

Deste modo, a terminologia utilizada até então, passou a ser “pessoas com deficiência”, que permanece até hoje.

Esse termo faz parte do texto apro- vado pela Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidades das Pessoas com Deficiência, aprovado pela Assembleia  Geral da ONU, em 2006, e ratificada no Brasil em julho de 2008.

A diferença entre esta e as anteriores é simples: ressalta-se a pessoa à frente de sua deficiência. Ressalta-se e valoriza-se a pessoa acima de tudo, independentemente de suas condições físicas, sensoriais ou intelectuais. Também em um determinado período acreditava-se como correto o termo “especiais” e sua derivação “pessoas com necessidades especiais”. “Necessidades especiais” quem não as tem, tendo ou não deficiência? Essa terminologia veio na esteira das necessidades educacionais especiais de algumas crianças com deficiência, passando a ser utilizada em todas as circunstâncias, fora do ambiente escolar.

Não se rotula a pessoa pela sua característica física, visual, auditiva ou intelectual, mas reforça-se o indivíduo acima de suas restrições. A construção de uma verdadeira sociedade inclusiva passa também pelo cuidado com a linguagem. Na linguagem se expressa, voluntária ou involuntariamente, o respeito ou a discriminação em relação às pessoas com deficiência. Por isso, vamos sempre nos lembrar que a pessoa com deficiência antes de ter deficiência é, acima de tudo e simplesmente: pessoa. Então, nada de “especial ” tudo bem?

Gostaria também de levantar um ponto muito chato é que “sofro” bastante e “ouço” com frequência é relacionado ao usar a minha surdez para conseguir ou obter vantagem de algo. Sendo que tirar proveito de uma situação não é uma característica inerente à deficiência; e a pessoa com deficiência não necessariamente o fará. Entretanto, sabemos que algumas culturas estimulam o sentimento de piedade das pessoas, em relação à pessoa com deficiência e esta, por conseqüência, pode incorporar esse tipo de atitude em seu comportamento. Se pararmos para refletir, podemos observar que, em vários momentos de nossa vida, procuramos justificar nossos atos, utilizando nossas fraquezas como argumento.

Também, não é correto dizer que alguém é surdo-mudo. As pessoas surdas apresentam condições físicas e fisiológicas necessárias para falar. Algumas não falam porque não foram ensinadas, outras porque acham que a língua favorece a efetivação e a agilidade na comunicação, e outras ainda por opção.

Todo surdo pode escutar algum tipo de som. A maioria ouve sons de forte intensidade e graves (trovão, batida de porta). Assim como a visão, a audição também se efetiva em graus. Alguns surdos conseguem ouvir a voz e escutar a fala ao telefone. A impressão de que às vezes o surdo responde a sons e outras não, fazendo com que o ouvinte pense que “escutam quando querem” deve-se a alguns fatores: a distância da emissão do som, a freqüência da voz da pessoa que fala, o tipo de som (grave/agudo), a intensidade do som (forte/fraco) e também, o nível de atenção do surdo ao som emitido.

Já em relação a leitura labial e finalizando nosso post de hoje, a leitura labial não é uma habilidade natural, em todo surdo. Esta precisa ser ensinada, como se ensina leitura, escrita, etc. Poucas pessoas surdas fazem uma boa leitura labial (ler a posição dos lábios), Especialmente porque a pessoa ouvinte, ao se comunicar com um surdo, esquece-se da deficiência, vira-se para os lados, usa bigode, e isso atrapalha a visualização da boca do falante. A maioria faz o que se chama leitura da fala (visualização de toda fisionomia da pessoa que fala, incluindo sua expressão fisionômica e gestos espontâneos). Isto produz alguns problemas na comunicação. Uma minoria não consegue fazer nenhuma dessas leituras e só se comunica através de sinais, aprendidos no decorrer de sua história de vida familiar e social, ou mesmo através da Língua Brasileira de Sinais.

Fonte: SIVC, Deficiente OnLine, Prefeitura de São Paulo.

Edicão e Atualização: Blog dos Pernés.

Imagens: Reprodução!

 

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