Shopping Flamboyant é reconhecido pela alta empregabilidade de surdos

Gente olha que legal: O Shopping Flamboyant do Grupo Flamboyant daqui de Goiânia, acaba de ser reconhecido por integrar as pessoas com deficiência auditiva no mercado de trabalho.

Foto: Amdasgo

Vejam o release, que a galerinha da Fato Mais, me mandou:

Por seu comprometimento de não apenas empregar, mas realizar a integração de pessoas portadoras de deficiência no ambiente de trabalho, o Flamboyant Shopping Center foi homenageado ontem, dia 14 de maio, na Assembleia Legislativa de Goiás, numa premiação promovida pela Associação das Mulheres Deficientes Auditivas e Surdas de Goiás -– Amdasgo, em parceira com o Ministério Público do Trabalho, entidades, ativistas da causa e parlamentares da Alego. A premiação encerrou a programação da 1ª Conferência sobre Empregabilidade da Pessoa com Deficiência Auditiva. O shopping emprega várias pessoas com deficiência, em sua maioria pessoas com deficiência auditiva. O compromisso assumido pelo empreendimento vai além de cumprir cotas estabelecidas por lei, mas inclui projetos para acolher e inserir as pessoas com deficiência de maneira adequada e em contato com a sociedade. Entre os projetos internos, destaque para o Coral de Libras e a Oficina de Libras Humanizadas. O primeiro tem a missão de estimular a expressão dos colaboradores através da arte, promovendo apresentações musicais. Já na Oficina de Libras Humanizadas os próprios deficientes auditivos assumem o papel de multiplicadores, ensinando a diferentes níveis hierárquicos da empresa como se comunicar através da Língua Brasileira de Sinais. São ensinados desde o básico, como cumprimentar o colega, até a explicação dos valores da empresa em Libras, capacitando as equipes para atuar no atendimento ao público ou mesmo fornecer informações rápidas.

Resultados

Para ampliar a participação dentro do quadro de colaboradores, este ano, os projetos estão menos formais. As aulas têm duração de 1h e serão realizadas com mais frequência no decorrer do ano, pois antes, os cursos tinham carga horária de 60h. Um detalhe muito valorizado pela empresa é que os próprios colaboradores com deficiência auditiva se voluntariam para ministrarem as aulas e também por ajudar a receber novos colaboradores com deficiência. “Esses formatos além de aproximar, quebram barreiras mostrando que independente da função desempenhada, todos podem ensinar, aprender ou contribuir positivamente com uma organização mais inclusiva e acolhedora”, define a gerente de Gestão com Pessoas, Marcella Mota, ao explicar que a inscrição nos projetos é voluntária, tanto para quem irá ministrar as aulas quanto para quem quer aprender, que também inclui trabalhadores sem deficiência, e destaca que a adesão é sempre muito positiva de toda equipe. A partir dos projetos, outra característica observada é a resposta da comunidade que de alguma forma está inserida no universo de pessoas com deficiência. “

Foto: Amdasgo

O shopping passa a ser o local de lazer das famílias que têm membros com deficiência, a escolha de quem se organiza através de associações e especificamente no caso das pessoas com deficiência auditiva, percebemos que oferecemos uma recepção calorosa e adequada sempre que precisam de alguma informação ou auxílio”, explica o superintendente do Flamboyant Shopping, João Ricardo Gusmão Ladeia. Entre tantos benefícios há ainda, a baixa rotatividade de funcionários portadores de necessidades especiais. A auxiliar de conservação e limpeza Magna da Silva e Souza está entre os colaboradores que exemplificam essa realidade. Com 51 anos de idade, sendo quase doze anos de empresa, Magna é uma das participantes do coral, que este ano, será  presenteado com uma composição que homenageia o shopping em Libras. A gerente de Gestão com Pessoas destaca que a baixa rotatividade acontece porque há um incentivo e valorização aos colaboradores com deficiências. Sempre que há uma palestra, um treinamento ou mesmo um evento festivo, pensamos nas necessidades de cada um e como fazer com que a mensagem chegue da mesma forma para todos. “A nossa responsabilidade social não está somente no ato de oferecer um posto de trabalho, mas sim integrar e acolher”, afirma Marcella Mota. 

Parabéns ao todo Grupo Flamboyant! Já precisamos de mais engajamento da sociedade neste sentido, e vocês são um exemplo. Como surdo me sinto super bem representado, obrigado!

Médico do SUS garante a Inclusão de um Casal de surdos ao atendê-los em Libras

A internet divulgou nos quatros cantos a história do médico carioca Frederico Nicário (@fredinacio) que nos surpreendeu ao aparecer atendendo um casal de surdos em Libras (Língua Brasileira de Sinais). 

Fred, é médico no Rio de Janeiro. Imagem: Reprodução @fredinacio/ Instagram

Ainda não tínhamos falado, mas finalmente chegou a nossa vez de falar sobre, e para compensar a demora, trouxe para vocês uma entrevista exclusiva e também uma mensagem especial em Libras que o Fred fez especialmente para nós. 

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Fred, por que você escolheu a medicina? 

Sempre quis ajudar o próximo e escolhi a medicina para poder exercer em totalidade o amor que cura. 

Foi difícil chegar até aqui? Pensou em desistir em algum momento?

Sim, até por quê existem muitos preconceitos quanto a ser negro. Mas todos esses eu resisto para que possamos existir! É uma grande luta e barreiras diárias a serem transpostas.

Posso ter pensado, mas escolhi perseverar, pois era a única chance que eu tinha de dar certo na vida.

E sobre a Língua de Sinais, como aprendeu e o que significou para conseguir fazer um atendimento com o casal de surdos? 

Eu aprendi quando era adolescente na igreja, e me aprimorarei na faculdade UNIG – Itaperuna, que foi onde me formei. Conseguir atender em Libras um casal de surdos foi muito gratificante, e fiquei muito feliz. 

É muito bom poder ser instrumento de Deus para mudar a vida de pessoas. Falta muito amor e empatia no mundo. Seguimos firmes. Representatividade, acessibilidade e inclusão! 

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Sobre o atendimento do casal dos surdos: 

Casal de surdos que foi atendido em Libras. Imagem: Reprodução @fredinacio/ Instagram.

     – Hoje fui surpreendido no meu plantão do SUS. Um casal de pacientes com deficiência auditiva veio se consultar. Ao entrar, ela já foi logo demonstrando que não era ouvinte. Eu não sou fluente, mas sei um pouco de Libras, e comecei a estabelecer o primeiro contato. Foi incrível ver nos olhos deles o brilho e a expressão de felicidade ao ver que o médico do lado de cá estava literalmente entendendo a sua dor. 

Relatou Fred sobre o que aconteceu em seu perfil do Instagram.

Fred, quero agradecê-lo por nao ter desistido de fazer parte de um mundo mais justo e inclusivo. Como surdo, me sinto honrado em ter um ser humano como você que procura nos representar e nos incluir. 

Obrigado também pelo carinho e atenção e por ter respondido todas nossas perguntas. Continue assim. 

Muito amor, paz e sucesso em sua vida!

Turismo Acessível no Brasil

A garantia do direito à acessibilidade deve ser assegurada a todo cidadão, com ou sem deficiência, para promoção da qualidade de vida tanto das pessoas adultas e do idoso, quanto da criança e do adolescente, já que todo ser humano enfrenta barreiras à acessibilidade ao longo de sua existência.

E baseado na LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015, que Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), o Ministério do Turismo criou o Programa Turismo Acessível que se constitui em um conjunto de ações para promover a inclusão social e o acesso de pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida à atividade turística no Brasil, de modo a permitir um maior alcance e a utilização de serviços, edificações e equipamentos turísticos com segurança e autonomia.

Há pessoas surdas que se comunicam por Língua Brasileira de Sinais (Libras), uma língua que usa gestos e expressões faciais para passar a mensagem que deseja. Lembre-se: ajude a eliminar as barreiras na comunicação! Imagem: Reprodução/Turismo.gov

Além disso, ao propiciar a inclusão de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, o Programa vai ao encontro de ações e inciativas do Governo federal que buscam defender e garantir condições de vida com dignidade, a plena participação e inclusão na sociedade, e a igualdade de oportunidades a todas as pessoas com deficiência também na atividade turística.

Legal não é mesmo? Nesse sentido, o Programa é direcionado a gestores públicos e privados, profissionais da linha de frente do turismo, empreendimentos turísticos, destinos turísticos e pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida (turista e não turistas). Eu soube deste projeto pelo Instagram, e estou determinado a conhecer a fundo e divulgar os nossos direitos como pessoas com deficiência, e acredito que aprender mais é a melhor maneira de fazer predominar a igualdade de direitos, traduzida na plena e efetiva participação e inclusão.

Dicas para Atender Bem Turistas com Deficiência.

O Plano Nacional de Turismo 2013 – 2016 preveu como uma de suas ações Formulação de políticas públicas para o desenvolvimento dos segmentos turísticos de demanda segmentada, especialmente os idosos, os jovens, as pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida e até mesmo públicos segmentados como lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT+). Sob esta perspectiva foram formulados guias de bem atender a estes segmentos, com a finalidade de subsidiar informações importantes sobre cada um deles.

Este Guia é fruto de uma parceria entre o Ministério do Turismo, o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência e a Secretaria Especial de Direitos Humanos do Ministério da Justiça. Nele você encontrará conceitos e dicas de bem atender as pessoas com deficiência, a fim de facilitar a relação com este importante público consumidor, que são pessoas detentoras de direitos. Se for do seu interesse saber sobre, poderá clicar aqui e ir direto para a página para download.

Veja também: 

Férias 2016 – A praia acessível de Fortaleza

Acessibilidade nos Shoppings de Goiânia

A 15 dias sofri uma entorse no pé direito, e desde então estou afastado do trabalho e usando bota ortopédica para fins de repouso e recuperação.

Dos dias de monotonia, estive fazendo uns passeios em alguns shoppings que eu sabia que tinha cadeiras de rodas disponíveis para pessoas com mobilidade reduzida e me permitiria a usufruir de todas atrações e espaços.

A Lei nº 10.098 foi criada para estabelecer normais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade para portadores de deficiência e pessoas com mobilidade reduzida. Ela determina, primordialmente, a remoção de barreiras e obstáculos em vias, espaços públicos e edificações.

De fato, a Lei de Acessibilidade define o termo como a “possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida”.

Pois bem, agradeço ao Shopping Flamboyant e ao Shopping Passeio das Águas por facilitar a mobilidade em suas áreas públicas. Fui muito bem atendido por todas equipes desses shoppings que se mostram extremamente educados e solidários.

Mas não observei essa segurança e autonomia em muitos ambientes de lojas destes, sendo que até tive alguns pequenos acidentes devido aos pouco ou quase nenhum espaço restringindo a autonomia e mobilidade de seus visitantes e clientes, portanto alô Riachuelo, Adidas, Forever 21, Saraiva e Americanas do Passeio das Águas, e Riachuelo, Zara, Americanas, C&A do Shopping Flamboyant. Precisam urgentemente diminuir a quantidade  de suas gôndolas, araras e prateleiras de modo a permitir melhor movimentação.

Parabéns a Renner, Zara, C&A, Renner e TNG do Passeio das Águas e Parabéns a Adidas, Forever 21 e Saraiva do Shopping Flamboyant, vocês foram as que mais senti livre e a bondade para circular com a cadeira de rodas.

Ainda está distante o dia em que todo ser humano, independente de suas limitações individuais terá acesso a todos os locais abertos ao público em nossa linda Goiânia, mas acredito em mudanças e adaptações.

 

 

 

A vida amorosa das pessoas com deficiência

Falar sobre questões que envolvem pessoas com deficiência sempre foi um desafio, já que sempre vive esbarrando nas mais diversas áreas, sendo elas científicas, educacionais, éticas e até culturais.

E quando o assunto é amor e relacionamentos infelizmente entramos também no campo da estética e das vaidades humanas. Tanto é que em 2012, a BBC transmitiu um programa que falava do relacionamento das pessoas com deficiência. E foi o constatado que o preconceito existe, já que em determinada pesquisa, ficou constatado pelo jornal britânico The Observer, que 70% dos entrevistados disseram que não fariam sexo com uma pessoa com deficiente.

Imagem: Reprodução da Internet

Mas as coisas estão mudando. E de acordo com o site “Sem Barreiras”, a internet tem contribuído para que um grande número de pessoas com deficiências encontrem seus amores e parceiros nos sites de namoro e relacionamentos. Isto porque os primeiros contatos virtuais por e-mails e outras formas de bate-papo via computador eliminam o impacto inicial, o estigma, os preconceitos herdados culturalmente de quem vê uma pessoa com deficiência pela primeira vez.

Imagem: Reprodução da Internet

De modo algum devemos estranhar o namorar de alguém deficiência, desde que esse alguém não seja também “deficiente”. Pois na minha família mesmo tem pessoas com deficiência visual que são casadas com outras pessoas com deficiência visual, e eu conheço pessoas surdas que são casadas com outros surdos. O que não quer dizer que não existam casais em que um possuem alguma deficiência e o outro não. Ou seja não quer dizer uma pessoa com deficiência física, auditiva, visual ou outra vai se interessar apenas por pessoas com a mesma deficiência, como se todos os outros aspectos, como gostos, afinidades, idade fossem nulos ou banais, bastava os dois ter alguma deficiência. 

Deficiência não define caráter e da mesma forma que dinheiro define felicidade. O mais importante é focar na pessoa e não na sua deficiência. Até por que muitas delas são super estudiosos, comunicativos, gostam de festas, cinema, bar e shopping. Ou seja, agem como pessoas comuns sem deficiência. Devemos pensar que o amor e dificuldades nos relacionamentos existem na “saúde e na doença”.

E parafraseando Mila Correa do site Lugar de Mulher, eu também tenho a felicidade de conviver com pessoas com deficiência de todos os jeitos e posso ver que elas são perfeitamente capazes de ter qualquer tipo de relacionamento, quando se tem uma chance. Mas, enquanto muitas pessoas ainda nos enxergarem como seres de outro mundo, ficaremos a mercê desses julgamentos sobre nosso lugar e sobre o que nos é permitido.

Não há como diminuir atitudes preconceituosas como essas enquanto cada um não admitir os seus próprios preconceitos para com as pessoas com deficiência e coibi-los. Enquanto as pessoas ainda apresentarem dificuldade para ver além da nossa deficiência, sem também ignora-la, teremos comportamentos absurdos sentidos na pele, já que a opressão estão ao nosso lado, e o preconceito está no nosso dia-dia.

Acessibilidade para pessoas com deficiências

É fundamental uma sociedade justa, consciente, inclusive é acessível para todas as pessoas. Pensando nisso, gostaria que fosse frisado que é previsto na lei que:

– Todas entradas do prédio sejam acessíveis;

– Toda edificação e estabelecimento tenham sanitários acessíveis às pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, possuindo 5% do total de cada peça (quando houver divisão por sexo), obedecendo ao mínimo de uma peça;

–  Tenha a obrigatoriedade da reserva de vagas em estacionamento de uso público para pessoas com deficiência próximas aos acessos de circulação de pedestres;

– O caminho entre o estacionamento e o acesso principal deve estar desbloqueado para portadores de deficiência.

É importante salientar que a adequação a estas normas depende do tipo de estabelecimento. Lojas no térreo não podem estar localizadas em um nível acima da calçada ou devem contar com rampas. Centros comerciais de mais de um andar devem ter elevadores.

Sinalização

Também é essencial que as edificações e estabelecimentos contem com sinalização adequada, não só para indicar banheiros e vagas especiais de garagem, mas também para proteção, orientação e mobilidade, o que ajuda, especialmente, pessoas com deficiência visual.

Para esses casos, é preciso instalar a sinalização tátil de piso, que consiste em: ser antiderrapante; ter textura contrastante em relação ao piso adjacente; ter cor contrastante para ser percebido por pessoas com baixa visão; atender as características de desenho, relevo e dimensões de acordo com a norma ABNT NBR 9050/04.

Alem disso que tal um funcionário específico para recepcionar, informar e até acompanhar pessoas cegas quando nos estabelecimentos? E que tal que este seja fluente na Língua de Sinais para também apoiar os surdos?

Um mundo ideal para todos é possível e só depende de nós!

KLM, e a Inclusão em voos Internacionais

Hoje quero compartilhar com vocês, uma notícia encantadora.

E vamos falar do ato de viajar, que é bastante enriquecedor, já que permite entrar em contato com diferentes lugares, pessoas, sabores, culturas. 

Reprodução.

Porém, nem tudo são flores, pois muitas vezes, o caminho até o destino final é longo e cansativo, sendo necessária uma distração.

E no caso da pessoa com deficiência não é diferente.

 

E foi pensando em contribuir com uma viagem mais prazerosa para os passageiros com deficiência visual, a companhia aérea KLM do Brasil passou a oferecer no início do ano filmes com audiodescrição em voos internacionais.

Entre os títulos adaptados estão De Volta Para Casa, Kigsman, O Círculo Dourado e Lego Ninjago: O Filme. Para saber mais informações a respeito da iniciativa, acesse klm.com.br

Parabéns a KLM! São pequenos gestos em prol da inclusão que mudamos o mundo!

Um dos maiores desafios da minha vida é o tema da redação do ENEM 2017

Como muitos já sabem, o primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2017 teve questões de humanidades com carga de leitura e exigiu dos candidatos conhecimentos de história, geografia, filosofia, sociologia e até atualidades.

A polêmica da vez foi o tema da redação, que foi “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”.

A prova teve quatro textos motivadores, sendo que um deles incluiu dados sobre o número de alunos surdos na educação básica entre 2010 e 2016. Outro apresentou um trecho da Constituição Federal afirmando que todos têm direito à educação, com já falamos aqui. Um terceiro mostrou aos candidatos a lei de 2002, que determinou que a Língua brasileira de sinais (Libras) se tornasse a segunda língua oficial do Brasil.

O tema causou polêmica, mas eu não entendi o motivo, já que a redação do Enem costuma funcionar como forma de conscientizar as pessoas sobre o tema escolhido. Ou seja, as famílias, país afora, discutem o assunto que caiu na prova. É o que aconteceu com a questão da persistência da violência contra a mulher, por exemplo.

Mas pelo que vi, e fiquei indignado é que para muitos não é tão importante o fato de que os surdos terem vencidos barreiras, e lutaram para terem acesso a educação, onde até certo período, nem direito de ir a escola tinham já que eram considerados “incapazes’, ou de sofrerem o bullying e o preconceito, ou serem ignorados pela família e a sociedade e ainda hoje seguirem excluídos na escola e mercado de trabalho, mesmo que tenham a capacidade e formação educacional, necessária ou mesmo tendo um excelente rendimento como pessoa ouvinte, assunto que também já discutimos aqui.

Não podemos negar que houve avanços nas leis inclusivas no Brasil, e que estamos caminhando para um país “igual para todos”. Sim, as leis existem, e até impulsionou as matrículas dos estudantes com deficiências, por exemplo, que praticamente dobraram. Porém muita coisa está longe de se tornar realidade, sair do papel, já que construir uma educação ou mercado de trabalho inclusivo vai muito além da mera criação de vagas.

Um exemplo disso, e é que eu passei e ainda passo por isso, é que ocorre com todos surdos: embora muitos tenham passado a frequentar a escola regular, ou trabalhar numa empresa que respeita a lei de cotas, é comum que os professores, empregadores e a maioria dos estudantes e colegas de trabalho não dominem a Língua de Sinais, o que coloca em risco a socialização. Não falar a língua do outro é uma forma velada de desprezo e rejeição: o surdo até está no mesmo espaço, mas não é devidamente atendido ou respeitado. De fato, eu que vos escrevo me sinto transtornado pelo despreparo da sociedade em relação a isso, das escolas que estudei e dos lugares que trabalhei e até daqui onde hoje trabalho.

Para parafrear, cito as palavras da colunista Andrea Ramal: “Para que a educação e o mercado de trabalho seja inclusivo de fato, é preciso adaptar a infraestrutura das empresas e escolas, e que estas precisam contar com recursos multifuncionais e serem planejadas com acessibilidade arquitetônica e tecnológica. Além disso, é necessário a capacitação dos ouvintes para aprimorar as práticas necessárias, de forma que o ambiente seja um ambiente de oportunidades reais para todos”.

Já em relação, a vagas e estações de trabalho para surdos, falamos com o jovem Enzo Matheus, de 20 anos, que fez a redação do ENEM ontem, no estado do Ceará. Segundo ele, é necessário não apenas ampliação de ofertas de empregos, mas também projetos sociais envolvendo os surdos e a Língua de Sinais, de modo que também que envolva toda a comunidade. Para ele seria uma forma de intensificar as relações interpessoais de surdos e ouvintes.

De fato, a principal mudança está na atitude da comunidade. Teremos escolas e empresas inclusivas quando todos os que fazem parte destes – acreditarem que no convívio com os “diferentes” poderemos aprender, nos tornamos pessoas melhores, mais sábias, tolerantes e talvez até capazes.

É juntos com os surdos e demais pessoas com deficiência, que iremos construir oportunidades, e assim uma nova sociedade mais justa possa começar.

 

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Leia outros assuntos aqui no Blog, clicando aqui.

Os Mitos e as verdades da Surdez – “Terminologias”

Nem sempre, quem se identifica como surdo gosta de ser chamado de deficiente auditivo, pois não se vê como uma pessoa com deficiência, mas sim como alguém que fala uma outra língua. Mas existe quem se identifique como deficiente auditivo, sem necessariamente usar a Língua de Sinais para se comunicar. A quem discorde, mas a minha visão é que essas pessoas não fazem parte da comunidade surda, pois não compartilham de sua cultura ou forma de comunicação e na grande maioria das vezes, eles são oralizados e fazem leitura labial para se comunicarem com os ouvintes.

De qualquer forma na dúvida, você pode perguntar, como a pessoa gostaria de ser conhecida. Uma coisa é certa, o termo surdo-mudo é incorreto e nunca deve ser usado. E o mesmo vale para termos pejorativos como mudinho (a). A pessoa ser deficiente auditiva não significa que ela seja muda. A mudez é uma outra deficiência e é raro ver as duas acontecendo ao mesmo tempo. A realidade é que muitos surdos, por não ouvir, acabam não desenvolvendo a fala.

Descarte também de seu vocabulário os termos “Especiais”, “PNE” e/ou “Portadores de Necessidades Especiais”, “pessoa portadora de deficiência” e “portadores de deficiência”. Estes eram associados as pessoas com alguma deficiência, conforme já falamos aqui por influência do Ano Internacional e da Década das Pessoas Deficientes, estabelecido pela ONU. Assim, essas terminologias vieram na esteira das necessidades educacionais especiais de algumas crianças com deficiência, passando a ser utilizada em todas as circunstâncias, inclusive fora do ambiente escolar.

Mas como valoriza-se a pessoa acima de tudo, independentemente de suas condições físicas, sensoriais ou intelectuais, a terminologia utilizada passou a ser “pessoas com deficiência”, que permanece até hoje. Esse termo faz parte do texto aprovado pela Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidades das Pessoas com Deficiência, aprovado pela Assembleia  Geral da ONU, em 2006, e ratificada no Brasil em julho de 2008.

Leia também: 

Ser surdo: A vida como ela é!

A in-utilidade dos 0800 para deficientes auditivos ou de fala.

A Paula Pfeifer do “Crônicas da Surdez” já falou, a Lak Lobato do “Desculpe não ouvi” já reclamou, e hoje é a minha vez, Thiago Perné usar o Blog dos Pernés para chiar, e eu tenho certeza que milhares de surdos já se questionaram sobre a inutilidade dos  atendimentos para surdos, deficientes auditivos ou de fala.

E só para deixar claro, estão em todos os lugares, até no site da ANATEL, vejamos:

No site da Anatel

O Banco do Brasil, avisa Deus e o mundo. Como se isso fosse uma grande vitória para os surdos.

Correios não ficam para trás. E ainda usam o termo depreciativo e que caiu em desuso: portadores.

Agora como esse meio de contato é útil para um surdo, deficiente auditivo e/ou de fala?

Tecnicamente eles tem um aparelho TTD (Telecommunication Device for the Deaf) ou TS (Telefone para o Surdo).

Essa boniteza acima é o tal TDD. E para entenderem como funciona a geringonça que foi inventada em 1964, quando a realidade era outra, e hoje custa cerca de R$ 2.000, compartilho a explicação do Blog da Paula:

Então, o pior não é que a lei está desatualizada, ou nenhum surdo tem esse aparelho caríssimo e ultrapassado em casa e em locais públicos quando encontram estão sempre quebrados. O pior é que mesmo que fosse acessível, o serviço não é funciona e nem é eficaz, muitas empresas os tem apenas para “cumprir a lei”, sendo que o desejável, e o ideal seria o atendimento online via chat, via vídeo conferencia ou até mesmo por SMS.

Provavelmente pensando nisso, a OI “saiu na frente”, e no seu site existe a opção: Envie SMS, para 142:

Será que funciona? Vejamos:

Mensagens SMS, enviadas na segunda, 31/07, quarta 02/08, e hoje 04/08, e sem retorno, o que mostra que as tentativas não obtiveram exito. E aí, como os surdos ficam? Será que devemos cometer fraude e pedir para outra pessoa se passar por nós?

Estes são problemas que ninguém parece se importar. Chega de discriminação! Os surdos estão sendo excluídos dos mais importantes canais de comunicação com empresas, bancos e etc.

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Ser surdo: A vida como ela é!