Surdo constroi próteses de braço com sucatas

Foi no dia, 5 de setembro de 2012, que a vida de José Arivelton Ribeiro de Fortaleza, nunca mais foi a mesma. Com a energia da lojinha de eletrônicos da família, cortada por falta de pagamento, e ninguém sabia quando a luz iria voltar, Arivelton decidiu retirar a antena de TV da loja para usá-la em casa.

Pendurou-se na janela, no segundo andar, e cometeu um erro quase fatal. Por descuido, a antena tocou um fio de alta tensão. A descarga de 18 mil volts arremessou Arivelton para dentro da sala, e chegou a derrubar a iluminação dos postes da região.

O choque feriu o pescoço e a língua de Arivelton, e também comprometeu o braço direito, que precisou ser amputado na altura do antebraço. Seria mais um obstáculo na vida desse cearense de 48 anos, que nasceu surdo e não aprendeu a falar. Mas rendeu uma bela história de dedicação.

Ari, como é conhecido, passa boa parte do dia  numa oficina de quintal. Em meio a peças recolhidas em depósitos e na cozinha da mãe, colocou na cabeça: irá construir a prótese mais barata existente, para devolver movimentos a si e a qualquer amputado como ele.

 

Em pouco tempo, ele produziu duas próteses do braço direito, uma mecânica e outra elétrica, e já trabalha na terceira, que deseja ser computadorizada. “Meu sonho é ajudar as pessoas”, diz Ari à BBC Brasil, sempre com ajuda da mãe na tradução.

O inventor autodidata, que se comunica por meio de sinais com a mão remanescente, construiu as próteses com peças descartáveis e partes de utensílios domésticos.

Sua primeira criação tem o antebraço em cano de PVC e tampa de panela; o punho é um bico de secador de cabelo; os dedos são canos de alumínio, acionados por elásticos de prender dinheiro; e a palma da mão exibe uma borracha, para garantir aderência ao segurar objetos.

Bastou um mês de trabalho, ainda no ano do acidente. Ao todo, Ari investiu R$ 400, até 20 vezes menos do que uma prótese similar no mercado. A inspiração veio em vídeos na internet. O braço, porém, não é fixo, como a maioria das próteses mecânicas.

O punho é flexível e ele aciona os dedos com movimentos no ombro esquerdo. Era a independência que o inventor buscava.

Cotidiano

Com o mesmo braço que sempre usou, Ari agora corta pão, pega copos e até dirige seu carro. E não se trata de um veículo automático, mas um Fusca com câmbio daqueles que pedem força para passar a marcha – com a mão direita, diga-se de passagem.

Mas o inventor não se dá por satisfeito. “No mesmo dia em que terminei a primeira prótese, já queria fazer uma mais moderna”, diz.

Na escala evolutiva das próteses de braços, o degrau seguinte de uma mecânica é a elétrica. Nela, o movimento dos dedos é acionado por uma bateria, com comandos feitos com a outra mão ou por meio de eletrodos que captam os impulsos dos nervos na região da amputação.

 

O inventor leu sobre isso em tutoriais na internet e decidiu fazer sua prótese elétrica. Em oito meses, o dispositivo estava pronto. Bem mais moderno que o primeiro.

Novo invento

Ari construiu um braço que, com acionamento mecânico a partir do ombro, movimenta os dedos por corrente elétrica. A energia é enviada a partir de uma bateria de nobreak, através de um motorzinho de janela de carro.

O material da segunda criação é ainda mais rudimentar do que o da primeira. No antebraço há um copo de coquetel, tubo de extintor de incêndio e pedaços de panelas. Os dedos são correntes de bicicleta, ligados à mão por meio de colheres.

 

Agora, Ari está trabalhando em uma prótese semelhante à segunda, porém mais leve. Tanto a segunda quanto a terceira deverão custar menos de R$ 2 mil, até 15 vezes mais baratas do que uma convencional nesse patamar.

Para produzir suas invenções, Ari investe parte de sua aposentadoria por invalidez (R$ 880) e dos bicos que faz consertando TVs e computadores em casa. “Acho linda a força de vontade dele”, afirma a mãe.

A lojinha de eletrônicos, antigo sustento da família, foi vendida no dia do acidente. O trauma foi grande para todos, e emociona os parentes até hoje.

Uma quase tragédia

Aquele final da tarde de setembro de 2012, data que a família não esquece, sumiu da memória de Ari. “Eu apaguei. Não me lembro de nada.”

Sorte que ele estava acompanhado da mãe, técnica de enfermagem. “Fiz massagem cardíaca e respiração, então o coração voltou a bater”, relembra Socorro.

“Com poucos dias, a mão começou a necrosar, então meu irmão chamou os médicos e pediu a amputação no antebraço, onde ficou um machucado em forma de anel, para não correr o risco de perder o braço inteiro”, relata o irmão Rusivelton.

O cearense nasceu com perda total da audição, limitação constatada quando ainda era bebê. Ao longo da infância e da juventude, aulas de Libras (Língua Brasileira de Sinais), no Instituto Cearense de Educação de Surdos, minimizaram dificuldades de comunicação com os pais e os irmãos.

Os pais de Ari se separaram pouco antes do acidente – hoje Auri mora em Fortim, a 135 km de Fortaleza. Socorro se divide com a neta, e também com o filho Rusivelton, no suporte ao filho mais velho. Essa atenção é importante, sobretudo para “controlar” o ímpeto criativo de Ari.

“Dia desses, ele viu em um vídeo um cientista tentando fazer um motor de carro funcionar com água. Ele quis fazer o mesmo, só que deu uma explosão danada em casa. Minha mãe me ligou desesperada, para convencê-lo a parar com essas coisas”, diz o irmão.

Ari volta e meia se acidenta – já cortou a mão esquerda com seus equipamentos. “Quando bota uma coisa na cabeça, meu pai às vezes fica obcecado. Então a gente tem de estar sempre de olho, para colocar um freio”, confidencia Sara.

Sua história de vida sensibilizou o dono de uma empresa de próteses de Sorocaba (SP). Dele, Ari ganhou duas próteses elétricas, de R$ 15 mil e R$ 30 mil, além de R$ 10 mil para investir em seu trabalho. Com os presentes, Ari conseguiu renovar a carteira de motorista, já que a legislação de trânsito não permite a um amputado dirigir com prótese sem avaliação de segurança. Agora, não há mais o risco de ser parado em alguma blitz.

Hoje ele se divide entre uma das próteses que recebeu e a primeira que produziu, dependendo da necessidade. Isso porque uma das próteses que recebeu, apesar de mais moderna, não tem mobilidade no punho.

Quando uma das peças doadas deu problema, o inventor não teve dificuldade para abri-la e consertá-la. Em casa, Ari é considerado o “gênio” da família – avaliação compartilhada até por especialistas.

Futuro

A reportagem da BBC Brasil apresentou Ari aos donos de uma empresa de próteses de Fortaleza. Os irmãos Roberto e Carlos Henrique Enéas ficaram impressionados ao conhecer os inventos.

– “Esperava ver algo muito mais simples. É incrível que algo assim seja feito numa oficina”, diz Roberto, fisioterapeuta e protético, de 34 anos.

Embora haja cursos técnicos, que capacitam profissionais de saúde para atuar no ramo. Não existe um curso superior no Brasil que ensine a produzir próteses de membros superiores ou inferiores.

Fonte (Textos e Imagens):  Último Segundo (Site IG)G1BBC Brasil.

Edição: Blog dos Pernés

Língua de Sinais para o seu bebê!

Em parceria com a nossa amiga virtual Fernanda Bastos, lá do Instagram, que mora em Lisboa/ Portugal, hoje vamos falar da Língua de Sinais para bebês.

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E sabe o diferencial? Você e seu bebê não precisam ter problemas auditivos. Vamos saber mais?  Ela conta tudo pra gente:

Objetivos: Os principais objetivos da Língua de Sinais para Bebês são facilitar a comunicação entre pais e bebês, e diminuir a frustração do bebê. Por isso não importa se você decidir ensinar para o seu bebê sinais baseados em ASL (Língua de Sinais Americana), na LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) ou se você até mesmo inventar alguns sinais. A técnica e os princípios são os mesmos: diversão, repetição, motivação e expansão.

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Vantagens: A Língua de Sinais para Bebês requer habilidades motoras básicas para que o bebê possa fazer os sinais. Ao ensinar essa técnica para o seu bebê, você ganha mais ou menos um intervalo de 1 ano no qual você pode se comunicar com o seu bebê através de sinais, enquanto ele ainda não aprende a falar. À medida que os bebês vão aprendendo a falar, eles naturalmente vão deixando de se comunicar através de sinais e a fala se torna a sua forma dominante de comunicação.

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Porém, se você decidir continuar ensinando para o seu bebê a Língua de Sinais, mesmo depois que ele aprenda a falar, isso terá 2 vantagens principais: (1) seu filho irá aprender uma segunda língua, o que será muito bom para o currículo acadêmico dele no futuro e (2) ele também irá desenvolver a capacidade de se comunicar com pessoas com deficiência auditiva. Não é demais?

Para saber mais:

  • Siga o Instagram: @maozinhasquefalam

 

Leia também: 

Compreendendo o mundo dos diferentes.

Meu mundo Inclusivo.

Ser Surdo: A Vida como ela é! 

 

Responsabilidade Social: Acessibilidade no Shopping Rio Mar Recife

Na minha rápida passagem por Recife, conheci o super super lindo e enorme Shopping Rio Mar Recife.

E uma das coisas que mais gostei, foi o monitor acessível. Olha o Hugo gente:

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No shopping Rio Mar Recife, o Hugo é o guia interprete do Shopping.  – Qualquer um que saiba a Língua de Sinais, pode entende-lo. Não é máximo?

Isso mesmo, eles tem o Hand Talk, tecnologia que realiza tradução digital e automática para Língua de Sinais, utilizada pela comunidade surda.

A solução oferece ferramentas complementares ao trabalho do intérprete para auxiliar a comunicação entre surdos e ouvintes. A empresa foi criada em 2012, já foi premiada internacionalmente e é referência no segmento. Além de ser comandada por um simpático intérprete virtual, o Hugo.

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Hugo, o personagem 3D que torna a comunicação interativa e de fácil compreensão para os surdos.

O personagem é um fofo, e tudo que ele diz, em Língua de Sinais  é bem fácil de entender.

Ainda no assunto, Inclusão e Acessibilidade, o RioMar Recife dispõe de elevadores com acessos a todos os pisos e banheiros adaptados para pessoas com deficiência física (atenção, Shopping Rio Mar Recife, não é portadores), além da cortesia de cadeiras de rodas convencionais e quadriciclos elétricos para que os clientes circulem com mais agilidade pelo Shopping.

Parabéns aos administradores!  Amei estar com vocês e saber que estão sempre se esforçando em tornar o passeio das pessoas com deficiência no Shopping ainda mais prazerosa e confortável, com certeza foi um dos pontos altos da minha viagem a cidade, a grande e linda Recife.

Leia também quando a Daiane falou desse Tradutor de Libras quando ela começou o blog dela, o antigo Daia Make e Tal. Ah, e logo logo teremos ele aqui também.

Até a próxima!

 

26 de Setembro é o Dia do Surdo

Ontem, 26 de setembro foi comemorado o Dia do Surdo. 

Eu eu como surdo e vários membros da minha família tb como já contei pra vocês aqui, não poderia deixar de fazer esta postagem.

Data em que são relembradas as lutas históricas por melhores condições de vida, trabalho, educação, saúde, dignidade e cidadania. Muitos que não conhecem a historia dos Surdos no Brasil talvez se perguntem: Porque comemorar o Dia do Surdo? Na verdade, se tem muito a comemorar, afinal hoje as condições de vida das pessoas surdas são muito melhores do que antes.

Todas as conquistas e avanços obtidos só reforçam a importância da existência do Dia do Surdo, para comemorar o que já foi conseguido e, principalmente, para lembrar que ainda se tem muito a lutar!
Conheça e clique aqui para ler a cartilha do dia dos surdos no site da Feneis. No mesmo site você poderá aprender também um pouco sobre a Língua de Sinais, não perca a oportunidade. 

Abraços!

Belo Horizonte: Capital Inclusiva

Olha que notícia legal que recebi de um colega surdo do Pará. Valeu Davison!

As mãos que “falam” e tentam se fazer entender são de Laís Drumond. A atriz de 29 anos, surda desde o nascimento e filha de pais ouvintes, não se intimida em buscar informações, andar de ônibus, recorrer à Justiça ou abrir conta em banco. Mas nem sempre essas tarefas que fazem parte do dia a dia da maioria das pessoas são tão simples para Laís. Assim como ela, muitos surdos voltam para casa em Belo Horizonte frustrados ao buscar de atendimento por não conseguirem se comunicar com os ouvintes. Isso porque, além da dificuldade de audição, muitos têm o desenvolvimento da fala afetado, e sem o acompanhamento de um intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras) não conseguem ser entendidos.

Mesmo depois de 11 anos de oficialização do método, a primeira língua para surdos, quem convive com a deficiência relata os muitos desafios ainda a vencer. Na capital, são 4.557 pessoas surdas e 107.046 com alguma deficiência auditiva, segundo dados de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Juntas, representam 4,5% da população da cidade.

A falta de compreensão sobre a língua do deficiente auditivo se repete a cada esquina em que ele precisa sair do seu mundo silencioso e trocar informações. O Estado de Minas foi às ruas com Laís Drumond para testar atendimentos e constatou as dificuldades enfrentadas no comércio, em órgãos públicos estaduais e municipais e na Polícia Militar. O problema é o mesmo: não há pessoas com conhecimento em Libras para atender deficientes auditivos.

A ausência de intérpretes começou na primeira parada: a Unidade de Atendimento Integrado (UAI) Praça Sete, onde Laís pediu informações a uma funcionária sobre emissão de certidão de nascimento. “A funcionária tentou sinalizar, mas ficou nervosa e sorrindo, ao contrário da expressão facial firme, que o surdo precisa para entender uma mensagem. Por fim, ela disse que era difícil, que não me entendia”, relatou Laís.

Segundo a atriz, a atendente ainda arriscou com o sinal de “nascer””em Libras, mas não sinalizou a palavra documento nem soube explicar o valor e o procedimento necessário para emissão. A “conversa” terminou em papel e caneta. “Todos os dias, eu e meu marido chegamos com pilhas de papéis em casa, como todos os surdos”, reclama. Segundo o coordenador da unidade, Eliel Benites, os funcionários da recepção e do serviço Posso Ajudar estão recebendo treinamento uma vez por semana, há cerca de três meses. Ele fala dos avanços, mas reconhece: “Ainda estamos em fase inicial”.

No terminal rodoviário, não foi diferente. O teste foi feito nos guichês de duas empresas de viagens, mas em ambos houve decepção. Na primeira, o pedido era para uma passagem com destino a Niterói (RJ). Poderia ter sido qualquer trecho que Laís não teria sido atendida, já que a funcionária foi clara. “Eu não te entendo”, disse em meio a risos. Ela tentou ser solícita e pediu que a atriz escrevesse seu pedido. Só assim houve comunicação. No segundo caso, Laís afirmou que não sabia escrever. Desse modo, mesmo tendo sinalizado para três funcionários sua intenção de comprar um bilhete para São Paulo, não houve sucesso na tentativa. Ela foi encaminhada ao setor de informações da rodoviária, onde também não havia intérpretes.

O teste para fazer uma simples compra acabou em transtorno também. Imagine explicar ao vendedor o desejo de comprar um sapato vermelho, de salto alto, pago em quatro vezes no cartão e sem juros. Mesmo com todo o esforço do atendente Janiel Salvador, de 22 anos, em acertar na cor, a forma de pagamento não foi compreendida. “Ela é esperta. Se comunica bem. Mas não entendo a linguagem dos surdos”, disse Janiel. O gerente da loja, Geovane Gonçalves, reconhece o problema: “Talvez seja a hora de buscar a capacitação”.

Dados do IBGE indicam que dos 4.179 surdos de BH com idade acima de 10 anos, 35,2% se enquadram na faixa etária de rendimento entre um e cinco salários mínimos, o que representa o maior percentual. Outros 28,2% recebem até um salário e 10,6% ganham acima de cinco salários. Segundo a demógrafa do instituto Luciene Longo, “a distribuição de renda entre os surdos se encaixa na da população ouvinte”. Laís lembra que investir na capacitação de funcionários no comércio pode representar um diferencial. “Se uma loja tem alguém que entende Libras ela vira referência entre os surdos”.

POLÍCIA MILITAR

Uma experiência positiva surpreendeu Laís em sua luta diária. Ao pedir uma informação a um militar no Centro da capital, ela foi prontamente atendida pelo soldado João Luiz Chagas, da 6ª Cia. do 1º BPM, que estuda comunicação assistiva na PUC Minas. “Foi a única situação em que me senti bem, porque pude me comunicar sem dificuldade”, disse a atriz. O interesse do soldado pelo curso surgiu da demanda diária da população deficiente. “Tenho contato com cegos, surdos e pessoas com deficiência física. Preciso estar preparado para atendê-los”.

Mas chamar a polícia é um problema para os surdos. A queixa é sobre a falta de intérpretes e atendimento por telefone. “Nos comunicamos por mensagem de celular. Aí, eles retornam a ligação. Do que adianta?”, cobra Laís. O chefe da Sala de Imprensa da PM, major Gilmar Luciano Santos, informou que policiais não têm formação em Libras, à exceção dos militares do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate). A capacitação estava prevista, segundo ele, no pacote de cursos que serão ministrados aos policiais até a Copa das Confederações.

Aplicativo móvel traduz fala para Língua Brasileira de Sinais

O ProDeaf anunciou no dia 02 de abrila disponibilização ao mercado brasileiro do primeiro aplicativo para smartphones capaz de traduzir fala para a Língua Brasileira de Sinais – Libras. Desenvolvido pela companhia pernambucana, o projeto é fruto de um investimento de R$ 500 mil, feito pelo ProDeaf – com financiamento do Sebrae e do CNPQ -, e do patrocínio do Grupo Bradesco Seguros.

De acordo com o CEO do ProDeaf, João Paulo Oliveira, o desenvolvimento do aplicativo levou 2 anos e contou com a participação de 12 profissionais, incluindo designer, intérpretes, linguistas e programadores, liderados por ele, pelo Chief Operations Officer Flávio Almeida, e pelo Chief Technology Officer da companhia, Amirton Chagas. O projeto contou ainda com a participação de colaboradores surdos das empresas do Grupo Bradesco Seguros. “A comunidade surda atuou nos fornecendo feedback para chegássemos a este resultado”, explica Oliveira, lembrando que as primeiras versões do aplicativo não agradaram aos avaliadores surdos. “Os feedbacks nos ajudaram a melhorar o produto até chegarmos à versão que colocamos agora no mercado”.

O aplicativo ProDeaf Móvel chega ao mercado pronto para a plataforma Android e, nos próximos meses, serão disponibilizadas versões para as plataformas iOS e Windows Phone . A versão atual está disponível no Google Play ou diretamente no site da companhia, no link prodeaf.net/download, podendo ser baixada gratuitamente. “Os custos operacionais da distribuição do aplicativo estão sendo subsidiados pelo Grupo Bradesco Seguros, que com isso está levando a tecnologia aos surdos de forma gratuita”, ressalta Oliveira.

Nesta versão, o aplicativo reconhece a voz do usuário e traduz a fala diretamente para Libras, executada por um personagem na tela do celular. Para isso, ele usa como base um dicionário de cerca de 3.700 sinais. Mas isso não deve parar por aí. Já está nos planos do ProDeaf o aumento do número de sinais e a regionalização de sua base, permitindo o uso de sinais específicos de determinadas regiões do Brasil.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem no Brasil 10 milhões de surdos, e, deste total, 2,7 milhões não conhecem a língua portuguesa. O ProDeaf Móvel é útil, justamente, para eliminar esta barreira de comunicação que há entre ouvintes e surdos, especialmente entre pessoas do mesmo convívio social, como parentes e amigos.

O objetivo do Grupo Bradesco Seguros foi abraçar a causa da comunicação e da acessibilidade e ajudar os surdos na interação com as pessoas de seu círculo social. Um parente ou amigo pode usar o seu celular para transmitir uma mensagem que será compreendida pelo surdo. Nos testes que fizemos, eles ficaram muito contentes com a solução, pois muitos familiares e amigos não conhecem a linguagem Libra.

A expectativa é que sejam realizados 30 mil downloads no primeiro mês de disponibilidade do aplicativo. O executivo lembra que o ProDeaf – que já fornece ferramentas para tradução do conteúdo de sites para Libras – ainda deve investir muito em pesquisa, principalmente na área de reconhecimento de sinais. “Em alguns anos planejamos publicar ferramentas que permitam a comunicação com surdos em 2 vias, traduzindo português para Libras e Libras para português”, afirma Oliveira.

Muito do rápido desenvolvimento do ProDeaf no mercado brasileiro deve-se às parcerias estratégicas estabelecidas pela companhia até o momento. A Microsoft, por exemplo, é a responsável pelo suporte de infraestrutura, computação em nuvem e softwares, atuando também no desenvolvimento tecnológico e consultoria. Outro parceiro estratégico é a Wayra, aceleradora de empresas da Telefônica, que é hoje sócia do ProDeaf, pois acredita no potencial e inovação dessa tecnologia e tem interesse tanto na inovação social quanto em lucros futuros do projeto.

Sobre o ProDeaf
É um Software inédito para tradução de conteúdo em Português para a Língua Brasileira de Sinais (Libras), segunda língua oficial do país, falada por mais de 5 milhões de brasileiros. O ProDeaf é o projeto carro-chefe da empresa homônima, uma startup pernambucana de soluções em tecnologia assistivas, com o foco na – comunicação e integração social entre Surdos e ouvintes. Em linha com a missão da empresa, de permitir a quebra das barreiras de comunicação, o software apresenta soluções viáveis para o mercado corporativo e usuário final, realizando traduções de sites e vídeos para Libras e traduzindo, através de aplicativos gratuitos, o som falado para a língua de sinais em tempo real. Com operações em Recife (PE) e São Paulo, a empresa oferece ao mercado serviços diferenciados e orientados por qualidade, resultado e especialização. É uma startup acelerada da academia de inovação da Telefonica (Wayra) e parceira da Microsoft.

Fonte: F2 Conteudo

Curso de libras disponibilizado pelos Correios ultrapassa meta

Bom dia,
Como já sabem trabalho nos Correios e o ano de 2012 foi bem produtivo se comparado a 2011 no que trata-se da disseminação da Língua de Sinais: cerca de sete mil empregados dos Correios concluíram o curso introdutório à Língua Brasileira de Sinais — Libras.
Com isso, a empresa dá um importante passo em direção à inclusão de pessoas com deficiência auditiva por meio da comunicação com clientes e população em geral.
De acordo com decreto do Governo Federal, todas as empresas concessionárias de serviços públicos e órgãos da administração pública federal devem garantir às pessoas surdas ou com deficiência auditiva tratamento diferenciado, por meio do uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais. Nos Correios, a meta era a capacitação de 5% dos empregados, mas a empresa ultrapassou essa porcentagem em cerca de 20% antes do prazo previsto. Este número é resultado do curso “Libras como segunda língua”, que é oferecido pela UniCorreios, em parceria com o Instituto Federal de Santa Catarina, na modalidade a distância.
Infelizmente, está disponível via intranet somente para empregados. De qualquer forma, já é um degrau andando. O que não quer dizer que ainda seja o ideal, antes nossa empresa, estamos longe disso. É necessário multiplicar treinamentos presenciais e incentivo por parte do corpo gerencial, que ainda é dirigido por apadrinhamento político e não por competência. O que não quer dizer que estes são incompetentes, não todos. Alguns realmente são totalmente competentes e capazes. Que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos seja cada vez mais associada a credibilidade e a ações de inclusão social. Como já disse, é um passo dado. Parabéns!

Ver é ouvir!

     Imagine-se num país estrangeiro, numa sala de vidro, à prova de som. Você nunca ouviu a língua falada local. Todos os dias, as pessoas do lugar vêm até você e tentam falar-lhe através do vidro. Você não consegue ouvir o que falam. Apenas vê o movimento dos seus lábios.
     Percebendo que você não as compreende, elas escrevem aquelas mesmas palavras num papel e lhe mostram através do vidro o que escreveram. Eles acham que você devia poder entender o que está escrito.
     Como acha que se sairia? Para você a comunicação seria, a bem dizer, impossível nessa situação. Por quê? Porque o que está escrito representa uma língua que você nunca ouviu. Essa é exatamente a situação da maioria dos surdos.

      Há muitos conceitos equivocados a respeito dos surdos e da língua de sinais. Vamos esclarecer alguns deles. Surdos podem dirigir automóveis. A leitura labial pode ser muito difícil para eles. A língua de sinais não tem nada em comum com o braile, e não é simples mímica. Não existe uma língua de sinais universal. Além disso, os surdos têm diferentes “sotaques” de uma região para outra.
      Os surdos conseguem ler? Embora alguns leiam bem, a vasta maioria dos surdos acha difícil ler. Por quê? Porque a página impressa origina-se de uma língua falada. Considere como uma criança com a capacidade de ouvir aprende uma língua. Desde o momento que nasce, ela está rodeada de pessoas que falam a língua local. Ela logo consegue combinar palavras e formar sentenças. Isso acontece naturalmente apenas por ouvir a língua falada.     
      Assim, quando crianças ouvintes começam a ler, é apenas uma questão de aprender que os símbolos negros na página correspondem a sons e palavras que elas já conhecem.

A língua de sinais é o meio de comunicação ideal para os surdos. A pessoa usa sinais para definir elementos no espaço ao redor de seu corpo. Seus movimentos nesse espaço e suas expressões faciais seguem as regras gramaticais da língua de sinais. Surge assim uma língua visual que possibilita transmitir informações aos olhos.
      De fato, quase todo movimento que um surdo faz com as mãos, o corpo e a face enquanto sinaliza tem significado. As expressões faciais não são feitas apenas para causar impacto dramático. São parte importante da gramática da língua de sinais. Para ilustrar: Uma pergunta feita com as sobrancelhas levantadas pode indicar tanto uma pergunta retórica como uma que exija sim ou não como resposta. As sobrancelhas abaixadas podem indicar perguntas, tais como: quem?, o quê?, onde?, quando?, por quê? ou como?. Certos movimentos da boca podem sugerir o tamanho de um objeto ou a intensidade de uma ação.     
     O modo como um surdo movimenta a cabeça, ergue os ombros, contrai as bochechas e pisca os olhos acrescenta sentido à idéia que está sendo transmitida.
Esses elementos se combinam para criar um banquete visual para os olhos. Com essa rica forma de expressão, os surdos que conhecem bem a língua de sinais estão equipados para transmitir qualquer conceito — do poético ao técnico, do romântico ao humorístico, do concreto ao abstrato.


Fonte: Biblioteca OnLine da Associação Torre de Vigia, artigo: w09 15/8 pp. 24-27.

Meu Mundo Inclusivo

             Gostaria de compartilhar com vocês, um dos trabalhos que  faço aqui Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e que eu gosto muito. Entre as várias atividades, tenho a oportunidade de ser Moderador de uma comunidade via intranet de Língua de Sinais, aqui nos Correios. Estamos fazendo 3 anos e até então, são 252 membros, 23 fóruns, 108 mensagens de fórum, 11 arquivos, 17 Notícias e 1 Questinonário.
              A comunidade aborda assuntos diversos sobre a Língua de Sinais e a Inclusão Social e surgiu em 2009, devido a contratação de Pessoas Com Deficiência Auditiva aqui na Regional de Goiás. Esta comunidade faz parte de um projeto que se iniciou devido a necessidade de compartilhar idéias e conhecimentos a grupos de empregados da empresa em todos o Brasil. Um dos fóruns que mais gostei foi o de esclarecimento de “mitos” relacionados a surdez e deficiências em geral, no qual vou compartilhar na íntegra todo o conteúdo aqui com vocês. Vamos começar? Farei a pergunta e responderei em seguida. Lembrando que as respostas corresponderão a minha opinião baseado nos conhecimentos que tenho e nas pesquisas que fiz sobre o assunto, quem discordar poderá deixar a crítica nos comentários:
  1. Vocês acham que as pessoas com deficiência usam a deficiência para justificar seus atos? R:Tirar proveito de uma situação não é uma característica inerente á deficiência; e a pessoa com deficiência não necessáriamente o fará. Entretanto sabemos que algumas culturas estimulam o sentimento de piedade das pessoas, em relação á pessoa com deficiência e esta, por consequência, pode incorporar esse tipo de atitude em seu comportamento. Se pararmos para refletir, podemos observar que, em vários momentos de nossa vida, procuramos justificar nossos atos, utilizando nossas fraquezas como argumento. O que se faz necessário, no âmbito das relações sociais, é mudarmos essa cultura, enquanto atores sociais em geral.
  2. Posso identificar as pessoas com deficiência, utilizando o termo “especiais”?  R: Ser especial não é uma característica inerente á pessoa com deficiência. A palavra “especial” passou a ser associada a pessoas com deficiência, na década de 80, com o intuito de substituir termos descritivos então usados, que adquiriram conotação depreciativa. Como o que realmente conta é a carga valorativa, associada ao termo, o termo especial, ainda carrega atualmente uma carga de desvalorização e de diminuição da pessoa com deficiência. 
  3. E os termo “PNE”, está correto? R: Tanto o termo “PNE – Portadores de Necessidades Especiais” quanto os termos “portador de deficiência”, “pessoa portadora de deficiência”,” não são mais utilizados. A condição de ter uma deficiência faz parte da pessoa. A pessoa não porta uma deficiência, ela “tem uma deficiência”. Tanto o verbo “portar” como o substantivo, ou adjetivo, “portadora” não se aplica a uma condição inata ou adquirida que faz parte da pessoa. Ou seja, a pessoa só porta algo que ela pode deixar de portar. Por exemplo, não dizemos que uma pessoa “é portadora de olhos verdes”, dizemos que ela “tem olhos verdes”. O termo correto é Pessoa com Deficiência, ou apenas PcD. Esse termo faz parte do texto aprovado pela Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidades das Pessoas com Deficiência, aprovado pela Assembléia Geral da ONU, em 2006 e ratificada no Brasil em julho de 2008.
Em breve terei o prazer de divulgar outros assuntos que foram discutidos na COPTEC.
Espero que tenham gostado, os que desejarem podem deixar seus comentários, críticas, dúvidas e sugestões de pauta. Agora chega de falar de mim. Como vão vocês?
                       

Compreendendo o “Mundo dos Diferentes”.

Minha vida:

        Nasci numa família onde todos eram ouvintes, mas no decorrer do tempo, alguns membros ficaram surdos. Segundo os médicos isso ocorre por motivos genéticos.  Aos meus doze anos eu e minha irmã descobrimos que também sofreríamos da perda auditiva. Nesta ocasião minha mãe, tias, primas e avós já estavam com dificuldades por causa da perda da audição. Desde então passamos a viver num mundo onde a classe majoritária é ouvinte, a partir daí lutamos para sermos compreendidos, compreender e ser aceitos apesar da nossa deficiência.

E acredite, nunca foi fácil. Sempre foi difícil, estudar numa escola regular ser aceito pelos colegas ouvintes e oralizados e não ser compreendido. Sempre foi difícil estar numa roda de amigos, numa lanchonete, num simples passeio num shopping e não conseguir entender o que está sendo dito ou ver as pessoas dando gargalhadas e não poder compartilhar deste momento alegre por não ouvir e entender o motivo da piada. E devido a deficiência auditiva tivemos que aprender uma língua gestual, hoje chamada de Língua Brasileira de Sinais. Por meio desta língua conseguimos “ouvir” e “falar”. E é através dela, que conseguimos falar e “ouvir” com as mãos.
Eu sou o Thiago, muito prazer. Tenho 27 anos, trabalho na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e gosto de ler, de ir ao cinema, jogar boliche, ouvir música e de fazer amizades duradouras e ajudar o próximo. E a partir de hoje, os leitores poderão acompanhar comigo, com minha família, com toda comunidade surda, pessoas com deficiência em geral, bem como familiares e profissionais de diversas áreas que acompanham a luta diária que temos com a vida apesar das barreiras impostas por ela. 
Haverá respostas as perguntas que nos intrigam. Por exemplo:
  • É correto afirmar que todos os surdos são mudos?
  •  Qual o motivo das pessoas surdas serem tão nervosas?
  • Se eu não souber comunicar através da Língua de Sinais, não poderei fazer amizades com os surdos?
  • Como posso lhe dar com pessoas com deficiência visual, física e intelectual?
        Aprenderemos a nos comunicar através da Língua de Sinais, descobriremos um novo mundo dessa Língua fascinante, esclareceremos nossas dúvidas sobre a surdez e sobre outras deficiências e síndromes diversas.
Espero que durante o tempo em que eu estiver aqui, que vocês possam ver as pessoas “diferentes” de outro modo e dar a estas o devido respeito e honra que elas merecem. Podem entrar contato comigo para esclarecer suas dúvidas, para chorar e desabafar, estarei sempre à disposição.
Para começar, aprenderemos o Alfabeto Datilógico da Língua de Sinais, conforme abaixo. Espero que gostem e aprendam.
Um grande abraço e até a próxima!