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Diário do Perné – 010: E se tratassemos os ouvintes, como tratamos os surdos.

Todos os dias é uma luta para os surdos, que vivem se impondo, e cobrando acessibilidade e inclusão no local de trabalho. E estou passando por algo no meu, e tem sido dificil, e acredito que muitos e muitos outros surdos também estão neste momento passando pelo mesmo.

Mas para começar vamos imaginar dois cenários:

No seu local de trabalho talvez não tenha nenhum surdo, mas com certeza tem ouvintes, correto? O que vocês achariam de termos uma palestra com um tema muito importante para a empresa, e no grande dia da palestra, ser anunciado um famoso palestrante surdo, que não fala usando a voz, apenas a Libras – língua brasileira de sinais.

Qual seria a sua opinião, bem como a de os todos os presentes ao saber que não haveria tradução para o português, mas “felizmente”, todo o material da apresentação será distribuido para a leitura de todos os presentes? Será que você e seus colegas receberiam com alegria esse material, e assistiria com a mesma animação caso o palestrante fosse ouvinte? Pode isso? Talvez você e seus e colegas respondam que não, e acrescente que deveria ter ou um palestrante ouvinte, ou caso o palestrante seja surdo, que haja um tradutor da libras para português, e que um material por escrito para todos os ouvintes não seja tão interessante.

Agora vamos imaginar que existe um surdo no seu local de trabalho, e o mesmo não tem suporte auditivo para acompanhar confortavelmente uma reunião, curso ou palestra. Mas também não tem na sua empresa, um interprete de Libras para dar o suporte que o surdo precisa, então é decidido entregar o material para o surdo ler. Pode isso? Ouvi que sim, a poucas semanas, já que a empresa não tem ninguém que sabe Libras.

Surdez, o que é? Como prevenir? | Blog da Telemedicina Morsch
Surdos que não ouvem, e sem interpretes. Imagem: Reprodução

Entendem onde está o capacitismo? Para o que ainda não sabem, trata-se o nomear o preconceito e discriminação para pessoas com deficiência.

Por que é legal para o surdo ler algo num papel, que alguém ouvinte está falando, e a empresa não assegura seus direitos de acessibilidade ou de adaptações razoáveis? Outra: Por que um ouvinte acha que está tratando o surdo “igual” ao ouvinte se este surdo, nao recebe o conhecimento da mesma forma que o colega ouvinte recebe? Será que o surdo está satisfeito com o tratamento, de quem acha que está acessibilizando conhecimento, sendo que nem foi questionado se está legal, e/ou aceitável para o mesmo?

Ouvintes: incluam os surdos quando nas decisões de adaptações no seu local de trabalho! Acessibilidade é lei, não é favor, tratem-os surdos com o respeito que eles merecem.

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TST lança guia digital para combater o capacitismo

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) lançou nesta segunda-feira (5/12) – Dia Nacional da Acessibilidade – a publicação digital “É capacitismo, e você deve saber – Um miniguia para atitudes que incluam pessoas com deficiência”. 

Capacitismo é uma expressão ainda pouco conhecida, mas que traz consigo um problema histórico: a discriminação e o preconceito contra as pessoas com deficiência (PcD). Ela surge do senso comum de que essas pessoas têm todas as capacidades limitadas ou reduzidas, que as vê como não iguais, menos aptas ou não capazes de gerir a própria vida. 

Essa compreensão, assimilada socialmente por muitos e muitos anos, acaba por se materializar em atitudes – muitas vezes involuntárias – que contribuem para a exclusão e a opressão de quem é PcD. Essa realidade precisa ser transformada. 

Além do guia, o Tribunal deu início a uma ação de comunicação destinada a alertar sobre atitudes capacitistas. Para o público interno, a proposta é promover um ambiente institucional cada vez mais diverso e inclusivo, atento às demandas da sociedade brasileira. Em relação ao público externo, a ação visa ampliar o alcance das informações sobre o assunto. Por isso, o tema também está sendo abordado nas redes sociais e no canal do TST no YouTube.  

Compromisso com a transformação

“O TST espera contribuir para que o conhecimento sobre esse tema seja multiplicado e para que se amplie a conscientização da sociedade sobre a importância de respeitar e promover os direitos das pessoas com deficiência”, explica o presidente do TST e do Conselho Superior da Justiça do Trabalho, ministro Lelio Bentes Corrêa. “Afinal, a transformação das atitudes demanda tomada de consciência e reflexão. E essas somente são possíveis com informação”. 

O ministro lembra, também, a importância de iniciativas do Estado para efetivar os compromissos assumidos pelo Brasil ao assinar a Convenção Internacional sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência (internalizada com força de norma constitucional por meio do Decreto 6.949/2009). Entre eles, o de “promover o pleno exercício dos direitos humanos e das liberdades fundamentais das pessoas com deficiência, sem qualquer tipo de discriminação”.

A iniciativa ainda se alinha às metas dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), que trazem os temas da inclusão social das pessoas com deficiência e da acessibilidade como pautas primordiais. 

Campanha interna

Com o tema “Sinta-se parte. Com você, o TST é mais forte”, a campanha interna tem o objetivo de fomentar a inclusão e enfrentar diferentes formas de discriminação e preconceito, estimulando a diversidade no âmbito do TST. 

“A campanha busca valorizar  e promover a inclusão, reforçando a mensagem de que todos são responsáveis e que todos ganham com a diversidade nos ambientes sociais e organizacionais”, assinala a assessora-chefe de Acessibilidade, Diversidade e Inclusão do TST, Ekaterini Sofoulis Hadjirallis Morita. Segundo ela, isso leva ao aumento da representatividade nos ambientes organizacionais, o que gera ganhos na criatividade, na inovação e na construção de soluções que atendam, de forma cada vez mais adequada, às diferentes demandas e expectativas da sociedade.

Para o secretário de Comunicação do TST, Dirceu Arcoverde, a diversidade contribui para ambientes mais acolhedores. “Precisamos estar cientes da nossa responsabilidade, enquanto órgão máximo da Justiça do Trabalho, de promover inclusão e combater todas as formas de discriminação”, conclui.

Franciane Meleu Ferreira
franciane.ferreira@tst.jus.br
(61) 3043-3207

 

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Nova coleção Libras + Colab55

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Diário do Perné – 008: Representatividade da Sueli, a personagem surda da Turma da Mônica

Tenho sempre dito que a discriminação já sofrida por mim e por tantas outras pessoas com deficiência tem sido um empecilho para transformação social e progresso da sociedade como um todo. Dito isso, é importante o combate ao preconceito e a falta de informação, e eu como surdo e digno de respeito trago esse espaço para reafirmar a importância de se impor e lutar também pela representatividade.

No caso dos surdos, a representatividade na mídia é fundamental para a sua inclusão, e recentemente trouxe um caso que encheu meu coração de alegria e esperança. Sim, é ela!

Sueli, a nova personagem da turminha da Mônica, que é surda e está em construção pela equipe de designs da Produção Mauricio de Sousa, ao saber disso, por meio da Way Comunicação, assessoria de imprensa responsável pela divulgação da nova personagem, enviei perguntas para a Sueli, mas como estava muito atarefada e envolvida com a “Surdolimpíadas”, coube ao próprio Mauricio de Sousa, criador da personagem, responder as perguntas. Vamos a entrevista?

Eu também sou surdo, e descobri minha perda mais ou menos com 10 anos, sempre gostei de ler e os gibis da Turma da Mônica tem um papel fundamental desde criança na minha vida. Fiquei super empolgado com a chegada da Sueli na turma. Como foi para a equipe a construção da personagem?

Temos aprendido muito sobre a diversidade da comunidade surda tanto com a organização dos jogos surdolímpicos, como com a equipe da Derdic,
instituição sem fins lucrativos, mantida pela Fundação São Paulo e
vinculada academicamente à PUC São Paulo. Entidade essa que atua na
educação, acessibilidade e empregabilidade de surdos, além de oferecer
atendimento clínico para pessoas de baixa renda com alterações de
audição, voz e linguagem. Temos tido uma resposta muito positiva,
principalmente de crianças surdas que se reconheceram na Sueli.

Que legal poder contar com uma instituição que entende a realidade dos surdos. No caso da Sueli, ela aprendeu Libras quando? Sua família já está formada, também se comunica em Libras?

Sueli ainda está em processo de construção, que é sempre complexo e
exige muito estudo e pesquisa. Tanto as características como o universo
da Sueli ainda estão em processo de elaboração. Inclusive tem grande
importância a reação dos leitores que também nos passam suas impressões
sobre a personagem.

Quais as dificuldades encontradas para trazer a personagem para a Turma da Monica? Qual o impacto da chegada de uma surda na escola na sociedade no âmbito do Bairro do Limoeiro?

Estamos ansiosos para esclarecer todas as questões sobre a Sueli, mas um dos desafios será representar a comunicação em Libras nos quadrinhos. A chegada da Sueli ao Bairro do Limoeiro e à escola com certeza serão temas de histórias em breve, bem como sua interação com a família.

Qual a mensagem que a Sueli e a Turma da Monica vai trazer para crianças surdas e ouvintes, fãs da turminha?

Esperamos que a mensagem da importância da inclusão e do respeito às
diferenças, além de levar mais conhecimento sobre a diversidade da
comunidade surda. Quem sabe as histórias da Sueli também despertem nas
crianças e adultos a vontade de aprender Libras?

Obrigado Mauricio de Souza e equipe por trazer voz as nossas mãos e som aos nossos ouvidos, estou muito feliz por ter representante na turma. Sucesso para todos e boas vindas Sueli.

Agradecimentos:
BETE FARIA NICASTRO | Diretora
bete@waycomunicacoes.com.br
(11) 3862-1586 * (11) 3862-0483 * (11) 99659-2111
WAY COMUNICAÇÕES | WWW.WAYCOMUNICACOES.COM.BR 

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Com a primeira personagem surda, Instituto Mauricio de Sousa participa da cobertura da Surdolimpíadas

Sueli, uma garota de 9 anos que é fã de esportes, é a primeira personagem surda da Turma da Mônica. Ela fez sua estreia em postagens nas redes sociais realizadas pelo Instituto Mauricio de Sousa em parceria com a 24ª Surdolimpíadas de Verão. O evento esportivo teve início no dia 1º de maio e segue até 15 deste mês, em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul.

As ilustrações dos estúdios da Mauricio de Sousa Produções remetem aos atletas participantes da Surdolimpíadas e traz a personagem para reforçar a importância da acessibilidade e da inclusão, na companhia da Turma da Mônica.

A Surdolimpíadas de Verão recebe atletas surdos de mais de 77 nacionalidades, que disputam diversas modalidades, sendo elas 20 masculinas e 18 femininas.

Sueli

Sueli se comunica pela Língua Brasileira de Sinais (Libras), como meio legal de comunicação e expressão dos surdos, conforme a Lei 10.436/2002. A ideia de criação da personagem nasceu de uma vontade antiga do desenhista Mauricio de Sousa e, com a realização do evento olímpico, ganhou forma.

Para elaborar a personagem, os estúdios da Mauricio de Sousa Produções contaram com a colaboração da organização da 24ª Surdolimpíadas e de professores da Derdic, que é uma instituição sem fins lucrativos, mantida pela Fundação São Paulo e vinculada academicamente à PUC São Paulo, e que atua na educação, acessibilidade e empregabilidade de surdos, além de oferecer atendimento clínico para pessoas de baixa renda com alterações de audição, voz e linguagem.

Com a chegada da nova moradora do bairro do Limoeiro, a Turma da Mônica expande a representatividade de Pessoas com Deficiência (PcD), pois já possui personagens como Luca, cadeirante; Dorinha, deficiente visual; Tati, com síndrome de Down; e André, autista.

Instituto Mauricio de Sousa (IMS)

Fundado nos anos 90, o IMS realiza projetos, campanhas e ações sociais focados na construção de conteúdos que, por meio de uma linguagem clara e lúdica, estimulam o desenvolvimento humano, a inclusão social, o incentivo à leitura, o respeito entre as diferenças, a formação de cidadãos conscientes e conhecedores de seus deveres e direitos.

Site: http://www.institutomauriciodesousa.org.br

Sobre as Surdolimpíadas

A Surdolimpíadas é um evento multidesportivo internacional, organizado pelo Comitê Internacional de Esportes para Surdos (ICSD – International Committee of Sports for the Deaf). A primeira edição, realizada em Paris em 1924, foi também o primeiro evento esportivo para pessoas com necessidades especiais.

A Surdolimpíadas de Verão acontece a cada 4 anos e é o evento multidesportivo mais antigo, depois dos Jogos Olímpicos. Para a 24ª edição de Verão, espera-se receber 6.500 pessoas entre surdoatletas e comissões técnicas e equipes de mais de 77 países.

Como marco histórico, o Brasil é o primeiro país da América Latina a sediar os Jogos Surdolímpicos de Verão, que será também o maior evento poliesportivo já realizado no estado do Rio Grande do Sul.

Para a comunicação, as línguas reconhecidas são Libras, SI (Língua internacional de sinais) e o Inglês; na arbitragem, a diferença é que os sinais sonoros são alterados para sinais luminosos; haverá intérpretes de Libras, SI (ouvintes e surdos na equipe da interpretação) e as delegações vêm acompanhadas de intérpretes que sinalizam na língua de cada país.

Informações para a imprensa:

José Alberto Lovetro – JAL Comunicação

11 3851 5221/ 11 99614 1623/ 11 98107 6197

jal.comunicacao@gmail.com

Bete Faria Nicastro – WAY Comunicações

11 3862 1586 / 11 99659 2111

bete@waycomunicacoes.com.br

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Governo Federal lança o Canal Educação e o Canal Libras

Na terça-feira (28/04), entraram no ar dois novos produtos de comunicação do Governo Federal que vão contribuir para a melhoria da qualidade da educação e a inclusão da comunidade surda: o Canal Educação e o Canal de Libras. Participaram da solenidade de lançamento, em Brasília (DF), o presidente da República, Jair Bolsonaro, os ministros da Mulher, Família e Direitos Humanos (MMFDH), Cristiane Britto, e da Educação, Victor Godoy, e a primeira-dama da República, Michele Bolsonaro.

Os canais são resultado da parceria entre a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e o Ministério da Educação (MEC). O Canal Educação será transmitido em televisão aberta digital em multiprogramação nas capitais onde a TV Brasil possui transmissoras (2.3 no Rio de Janeiro, Distrito Federal e São Luís; e 1.3 em São Paulo). A programação também estará disponível na TV por assinatura e por meio de satélite para escolas com antena parabólica.

Já o Canal Libras será transmitido pela internet, mas parte de sua programação será exibida no Canal Educação. Os conteúdos serão voltados para a rede nacional de educação, desde a educação infantil até o ensino superior, disseminando conhecimento e informação por meio de uma grade especialmente dedicada à comunidade surda.

Além de programas educacionais, serão exibidos, tanto no Canal Educação quanto no Canal Libras, programas de jornalismo. Serão veiculados, também, programas de variedades, como culinária, entrevistas, documentários históricos e contemporâneos, atualidades, perspectivas de futuro, entre outros, tendo uma grade voltada para educar, conscientizar e esclarecer o cidadão.

Inclusão

Na ocasião, o presidente Jair Bolsonaro destacou a importância da iniciativa. “Todos somos iguais e temos que dar meios para que todos possam desenvolver a sua capacidade. Isso vem através do conhecimento, da educação. Esses dois canais, em especial o Libras, visa incluí-los em uma política que dê esperança a cada um de vocês”, declarou ao se dirigir aos alunos surdos que estavam presentes.

As políticas de inclusão têm sido uma das pautas prioritárias do Governo e, principalmente, do MMFDH, conforme informou a ministra Cristiane Britto. “Dentre as ações para promover a acessibilidade destacam-se os canais de denúncia Disque 100, Ligue 180 e o aplicativo Direitos Humanos Brasil — que dispõe de um chat em Libras. Além disso, todos os nossos eventos contam com a presença de intérpretes. O ministério também disponibilizou uma cartilha que trata dos direitos da pessoa surda”, enumerou.

Outro avanço do Governo Federal para promover a inserção dos surdos é a Lei nº. 10.436/2002, que instituiu a Língua Brasileira de Sinais (Libras). No último dia 24, a norma completou 20 anos, data relembrada pela presidente do Conselho do Programa Pátria Voluntária, Michele Bolsonaro. “A utilização da Libras é uma forma de garantir a identidade das pessoas surdas e contribuir para valorização e reconhecimento da cultura”, destacou.

Com informações do Ministério da Educação e da EBC

Para dúvidas e mais informações:
agenda.gab@mdh.gov.br

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Mulheres surdas também são Mães

Hoje fui convidado a trazer para vocês uma matéria feita pela equipe do Hand Talk. Estes que conversaram com duas mulheres surdas, que dividiram com os mesmos um pouco de suas experiências como mães. Afinal, mãe tem de todo jeito, não é mesmo? Acompanhem abaixo na íntegra:

É importante saber que dentro da própria comunidade surda há uma grande diversidade. Desde CODAs (pessoas filhas de pais surdos), até pessoas que se comunicam principalmente por meio da Libras (Língua Brasileira de Sinais), e pessoas oralizadas, que podem contar com implantes cocleares e se apoiam na leitura labial e na fala para se comunicarem. Com isso em mente, trazemos os depoimentos de Fátima Ducati, mulher surda que usa Libras, e Beatriz Sales, mulher surda oralizada. Ambas representam diferentes espectros dentro da comunidade surda, e nos contam de vivências distintas na maternidade.

As duas mães começaram nos falando um pouco das dificuldades e barreiras que enfrentaram por causa de suas deficiências. A falta de acessibilidade na comunicação já é um problema conhecido há tempos, e a falta de autonomia que isso causa no momento de participar ativamente das vidas dos filhos é frustrante. “Nas consultas pediátricas, sempre precisei pedir apoio de outras pessoas, ou até mesmo da minha filha, para entender o que o médico explicava”, diz Fátima.

Já Beatriz conta ter vivido adversidades diferentes, ao ser uma mulher oralizada. A leitura labial definitivamente se tornava uma aliada no momento de se comunicar, mas não deve ser a única solução para poder participar da criação dos filhos. A pandemia, por exemplo, se apresentou como um grande obstáculo nessas situações. “Uma grande dificuldade que sinto é a da comunicação com máscaras atualmente. Por eu depender da leitura labial, ela se torna um grande obstáculo”, explica.

Apesar das perspectivas diferentes, Fátima e Beatriz concordam que deveria haver mais acessibilidade e inclusão na comunicação com pessoas surdas, principalmente nas áreas médicas e escolas. Fátima comenta que “temos muitas informações e tecnologia, mas nada adianta se não contarmos com a boa vontade e empatia das pessoas em colocar isso em prática”. Beatriz reforça “mais inclusão em hospitais, e comunicação com os profissionais da saúde!”.

Mesmo com diversos desafios externos, a vida dentro do núcleo familiar sempre correu muito bem para ambas, se comunicando por Libras, leitura labial, ou até uma mescla de ambos. “Eu amo ser mãe, e ser surda não foi nenhum impedimento para isso”, fala Fátima. 

Já Beatriz, conta mais a fundo como foi a sua experiência como mulher surda oralizada, enquanto o pai de suas filhas é surdo usuário da Libras. “Minhas filhas são fluentes em Libras, e sempre trabalhei também a prática da leitura labial. A Libras é muito com o pai delas, e comigo mesclamos a leitura labial. Essa experiência das duas formas foi muito importante!”.

Todas as mães têm dificuldades na maternidade, e com as mulheres surdas não é diferente. No entanto, ainda possuímos um longo caminho como sociedade para garantir que elas tenham autonomia e recursos de acessibilidade disponíveis para conseguirem exercer seus papéis como mãe como desejarem, da melhor forma possível, e sem barreiras causadas pela falta de inclusão.

Sobre a Hand Talk

Fundada em 2012, a startup brasileira Hand Talk foca em fazer bom uso da tecnologia trazendo mais acessibilidade para o mundo. A empresa oferece dois produtos diferentes, o Hand Talk App, que realiza traduções digitais e automáticas para Libras e ASL (Língua Americana de Sinais), e o Hand Talk Plugin, que torna sites acessíveis para a comunidade surda com traduções para Libras. Ambas as soluções contam com a ajuda de seus tradutores virtuais, o Hugo e a Maya. Esses dois vão além de apenas traduzir conteúdo, mas também estão aproximando pessoas através do uso da tecnologia e comunicação, aplicada em diversos ambientes, como salas de aula e famílias. Com sua ajuda, a Hand Talk busca quebrar barreiras de comunicação, contribuindo para um mundo mais justo e inclusivo.

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Diário do Perné – 006: Os surdos e a violência psicológica

Se comunicar é fundamental, seja em casa, no trabalho ou na escola. E todo mundo em algum momento precisa de algum tipo de comunicação para viver. Não concordam?

E hoje quero contar que negar qualquer tipo de comunicação é uma forma de violência, e quero registrar que os surdos diariamente são violentadoss quando lhes é negado a comunicação. Vale lembrar que violência não só marcada pela imposição física de uma vontade alheia, mas também por uma violência psíquica. Sim, já falei em postagens anteriores né?


Reprodução/Guto Muniz
Direitos de autor: © Guto Muniz 2009

Então, negar um interprete de Libras aos surdos, também é um tipo de violência.
E não é de hoje que devemos dizer não ao isolamento, a rejeição e a proibição de se comunicar.

Violência é crime, é antiquado e está ultrapassada. Que tenhamos forças, pois eu mesmo, estou e continuo em frangalhos, pois um simples pedido de ajuda pra me comunicar melhor é negado no meu trabalho. Não reconhecem que preciso ser tratado igual, e só assim poderei fazer parte da empresa, me sentir útil e e de fato importante, e não somente um número na lei de cotas.

Desejo um mundo mais amoroso e justo para todos os surdos, afinal não devemos ceder a violência, e nem aos nossos direitos. Viva as diferenças, mas não esqueçamos que todos são humanos. Viva a acessibilidade, mas não esqueçamos de cobra-la quando vemos injustiças.

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Diário do Perné – 005: Uso da máscara na pandemia e os surdos

Quem não sente na pele a dificuldade de comunicação para quem tem limitações de fala e audição não consegue entender (embora possa se sensibilizar) e não consegue entender das dificuldades enormes e muitas muitas vezes constrangedoras que eu passo.

E dói, e sofro…

Desde que voltei do trabalho remoto para o presencial tenho sofrido duras penas. Afinal o isolamento social que o uso das máscaras proporciona é humilhante. Ainda mais pelo fato de ser evitável, e o fato de não demonstrarem agilidade para minimizar as dificuldades que encontro mostra a falta de interesse não só da empresa que trabalho, mas também a realidade numa sociedade que discrimina, que é despreparada e arrogante para o sofrimento dos surdos.

Imagem: Reprodução UOL/ Ishock

Oro e espero que passe essa fase e que falta de conhecimento é um imperativo na relação entre surdos e ouvintes, o que resulta em preconceito e atitudes capacitistas, por parte dos ouvintes, seja breve. Afinal nenhum ouvinte pode e deve afirmar que o surdo está incluído, pois não depende da leitura labial, libras e empatia dos colegas para se comunicar com dignidade.

Se você deseja ajudar alguém surdo, a principal dica é despir-se dos preconceitos e buscar informar-se sobre a pessoa com deficiência, tornando a jornada dela na vida mais agradável, acolhedora e inclusiva.

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Dia de Combate à Surdez: Cuidados podem evitar a surdez precoce

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) divulgados em 2020, mais de 10 milhões de pessoas têm algum problema relacionado à surdez, ou seja, 5% da população é surda.


Neste Dia de Prevenção à Surdez, especialista alerta para perigos que levam à perda precoce da audição – Foto:Creative Commons

Entre elas, 2,7 milhões não ouvem nada. Por sua vez, o primeiro Relatório Mundial sobre Audição, lançado em março, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), estima que um quarto da população global, ou o equivalente a cerca de 2,5 bilhões de pessoas, terá algum grau de perda auditiva em 2050. O estudo destaca, entretanto, que cerca de 60% das perdas podem ser evitadas com investimentos em prevenção e tratamento de doenças ligadas à surdez. O Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez é neste 10 de novembro e a otorrinolaringologista Alda Linhares de Freitas Borges (CRM 19205), que atende no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, destaca algumas questões sobre o que pode levar as pessoas a uma surdez precoce. Ao contrário do que muitos pensam, o fone de ouvido não é, necessariamente, o personagem malvado da questão. “Ele não é um vilão, mas pode se tornar um. Na verdade, ele vira um problema quando a pessoa faz uso muito prolongado com volume alto”, salienta.

A pandemia fez com que as pessoas se adaptassem ao home office com várias reuniões remotas e ao ensino à distância, aumentando o uso dos fones de ouvido. “Isso torna-se uma preocupação, porque cada vez mais as pessoas estão usando o fone por um período maior e muitas vezes com um volume muito elevado. O ideal é tentar manter o uso por poucas horas no período de um dia, fazendo intervalos de uso, com uma intensidade menor que 50% da potência do aparelho, claro que isso irá depender da potência de cada aparelho, sendo o ideal manter em um volume menor ou igual a 50dB. Para intensidades de som maiores que 70dB, a OMS recomenda o uso do fone por no máximo uma hora ao dia”, detalha a médica.

Outros fatores
Contudo, os fones de ouvido não são os únicos que podem afetar a audição, levando a uma surdez precoce. Alda Linhares explica com o que se deve ter cuidado. “Evitar a exposição a sons muito altos, intensos e súbitos. Fazer proteção auditiva com os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) adequados para aquelas pessoas que estão expostas diariamente, em especial em ambiente de trabalho, a ruídos contínuos e de volume elevado”, afirma.

É preciso se atentar aos sintomas que indicam uma perda de audição. “Sinais comuns são isolamento social, tanto em pacientes jovens quanto nos idosos, mas especialmente nos idosos. Isso decorre da dificuldade de compreensão da fala e distinção de sons, levando a constrangimentos. Outro sinal precoce de perda auditiva é o zumbido. Sensação de abafamento ou pressão nos ouvidos também podem servir de alerta”, pontua a especialista.

Alda Linhares destaca que o ideal é procurar um médico antes dos sintomas começarem. “O certo é sempre fazer uma rotina de prevenção com o seu otorrinolaringologista. É muito melhor a gente prevenir do que remediar essa perda auditiva. A prevenção é ter os cuidados auditivos corretos e manter acompanhamento com um otorrino que possa te orientar”, reforça a especialista que atende na clínica Audilife, no Ório

Release:COMUNICAÇÃO SEM FRONTEIRAS
Raquel Pinho e equipe

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