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Intérprete de Libras: muito além da tradução

Muita gente ainda acha que o intérprete de Libras é só alguém que “traduz” o que outra pessoa fala. Mas a verdade é que o trabalho vai muito além disso. O intérprete é um elo entre duas línguas e duas culturas diferentes: a Libras e o português. Ele é quem torna possível a comunicação entre pessoas surdas e ouvintes, com respeito e fidelidade às duas partes.

Ser intérprete não é apenas saber sinais. É entender o contexto, o tom, a emoção e a intenção de quem fala. É ajustar o ritmo, escolher a melhor forma de expressar uma ideia e, muitas vezes, tomar decisões rápidas para que a mensagem não se perca.

Cada situação é um desafio diferente. Interpretar uma palestra não é o mesmo que interpretar uma entrevista, uma aula ou uma peça de teatro. O intérprete precisa estudar o tema, se preparar e se adaptar. Além disso, ele segue um código de ética que envolve confidencialidade, imparcialidade e respeito às pessoas envolvidas.

O trabalho do intérprete de Libras é essencial para garantir acessibilidade comunicacional. É ele quem permite que pessoas surdas participem de eventos, reuniões, aulas e momentos importantes da vida. Mas, muitas vezes, esse profissional ainda é invisível aos olhos de quem não precisa dele.

Reconhecer o valor do intérprete é também reconhecer o direito das pessoas surdas à comunicação plena. Inclusão de verdade não é ter um intérprete “só pra cumprir exigência”. É entender que sem ele, a conversa simplesmente não acontece.

Como pessoa surda, eu sei o que significa estar em um lugar com e sem intérprete. Quando tem, a sensação é de pertencimento. É poder acompanhar, entender, rir junto, participar de verdade. Quando não tem, é o contrário: a gente se sente isolado, perdido, fora da conversa. Não é só falta de informação — é falta de presença.

A presença do intérprete não é um favor, é um direito garantido por lei. A Lei nº 10.436/2002 reconhece a Libras como meio legal de comunicação e expressão, e o Decreto nº 5.626/2005 obriga o poder público e instituições a garantir acessibilidade por meio de intérpretes, especialmente em escolas, serviços públicos e eventos oficiais.

Mesmo assim, ainda vemos muitos espaços que ignoram essa obrigação. Por isso, é importante cobrar das autoridades o cumprimento desses direitos. Garantir intérpretes onde há surdos é garantir igualdade de acesso, respeito e cidadania.

Porque inclusão não se pede por gentileza — se exige por direito.

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Diário de um surdo – 018: Os sons dos pássaros

Há pouco mais de um ano eu ativei o meu implante coclear. Um ano de redescobertas, sustos, risadas e – principalmente – sons. Muitos sons.

Alguns eu já conhecia, mas agora chegam com outra textura. Outros… são completamente novos. E se tem uma coisa que eu nunca vou esquecer nesse primeiro ano, são os sons agudos.

Eu nunca escutava os sons agudos antes. Não sei explicar direito… às vezes parecia que eu ouvia, mas eram diferentes.

Agora, eles chegam de um jeito estridente, atravessam. Sabe aquele som que entra direto no cérebro, como se cortasse o ar? É isso. No começo, parecia que o mundo tinha ligado um monte de microfones no último volume.

Os passarinhos, por exemplo… antes eu achava que eram delicados, suaves. Hoje eu sei a verdade: eles gritam. MUITO.

Tem hora que parece sirene de carro disparando, vários alarmes ao mesmo tempo. É surreal.
Eu escuto e penso: “Gente, como ninguém tá se incomodando com isso?”

Às vezes me lembro daqueles desenhos do Pica Pau, quando os filhotes gritavam tanto, mas tanto, que perdiam o fôlego. É mais ou menos essa a sensação que tenho com os passarinhos agora.

Apesar dos sustos e da adaptação, é incrível perceber tudo isso. Eu tô ouvindo coisas que nunca ouvi antes. E não é exagero. Eu realmente nunca ouvi esses sons.

O implante me colocou num novo mundo. Nem melhor, nem pior. Apenas diferente. Mais nítido. Mais cheio. Às vezes mais barulhento do que eu gostaria.

Mas é isso: 1 ano depois, continuo descobrindo, me adaptando e me surpreendendo. Ouvir é uma construção. E cada dia é um tijolinho a mais.

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Nova identidade, mesma essência

O tempo passa. A gente muda, cresce, amadurece. E o blog também.

Depois de tantos 13 anos (recém completados) compartilhando histórias, vivências e reflexões aqui no Blog dos Perné’s, senti que era hora de dar um novo passo. Uma nova identidade visual, um novo jeito de se apresentar ao mundo — mas sem perder aquilo que sempre foi a essência deste espaço: acolhimento, escuta, propósito e verdade.

A nova identidade do blog vai além da estética. Ela carrega fases da minha vida, dores que foram transformadas em força, causas que abracei ao longo do tempo. Ela representa também todas as vozes que ecoam entre um texto e outro — especialmente as que, muitas vezes, são esquecidas ou ignoradas.

Nova identidade

O que mudou?

Agora o blog tem um novo visual: cores, formas e traços que refletem com mais clareza os temas que fazem parte da nossa caminhada — acessibilidade, inclusão, diversidade, espiritualidade, superação.

O novo logotipo é mais simples, mas ao mesmo tempo mais firme. Ele transmite leveza, mas sem apagar as marcas da luta, da persistência e da fé que me trouxeram até aqui.

Cada detalhe dessa nova fase foi pensado para fortalecer a identidade do blog e torná-lo ainda mais acessível, acolhedor e conectado com quem lê.

E as cores?

As cores da nova identidade foram escolhidas com cuidado e propósito:
Azul-escuro: transmite confiança, acolhimento e profundidade. Representa a escuta, a seriedade e o compromisso com temas importantes.
Laranja: traz energia, movimento e proximidade. Representa a coragem de falar sobre temas difíceis com leveza e verdade.
Verde suave: remete ao cuidado, à empatia e ao crescimento. É a cor da esperança, do recomeço e da construção de novos caminhos.
Tons neutros de apoio (branco e cinza): garantem contraste, equilíbrio e acessibilidade visual, facilitando a leitura e a navegação.

Essas cores conversam entre si e refletem bem os pilares do blog: inclusão, escuta, sensibilidade e ação.

E o que continua igual?

Continua o compromisso com a inclusão de verdade. Continua a escuta atenta, o cuidado com cada história, o respeito por quem passa por aqui.

Continua o olhar sensível sobre os temas que importam, com a mistura entre o pessoal e o coletivo, entre o que eu vivi e o que tantas outras pessoas também vivem.

Nada aqui é por vaidade. É por significado.

E você, segue comigo nessa nova fase?

Quero muito saber o que achou da nova identidade. Você faz parte dessa história. Se este espaço já te tocou de alguma forma, fica o convite: compartilhe, comente, volte sempre.

O Blog dos Perné’s continua sendo um lugar de histórias reais, de sentimentos sinceros e de esperança. A casa continua a mesma — só deu uma ajeitada no jardim de

A nova identidade do blog vai além da estética. Ela carrega fases da minha vida, dores que foram transformadas em força, causas que abracei ao longo do tempo. Ela representa também todas as vozes que ecoam entre um texto e outro — especialmente as que, muitas vezes, são esquecidas ou ignoradas.

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Libras é a ponte. O preconceito é o muro.

A Libras não é só uma língua.
É uma ponte construída com as mãos, o olhar e o coração.

Uma ponte que aproxima pessoas que antes pareciam viver em mundos diferentes.
Uma ponte que permite que a pessoa surda tenha voz, tenha espaço, tenha escolha.
Uma ponte que pode salvar alguém do isolamento.

Mas o preconceito… esse sim, é o muro.
Muro feito de ignorância, piadinhas, pressa, falta de empatia e “depois a gente vê isso”.

Quantas vezes você já viu alguém fingindo que entendeu um surdo — só pra não “perder tempo”?
Quantas vezes disseram que Libras é difícil demais, que “não dá pra aprender”, que “não tem demanda suficiente”?

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Homenagem a Comunidade Surda na Câmara Municipal de Goiânia

Ontem, 26/09/2023, foi comemorado o Dia Nacional do Surdo e a Câmara Municipal de Goiânia, por meio de Sessão Especial, por iniciativa do vereador Willian Veloso, celebrou a comunidade surda de Goiás.

Muitos estiveram presentes, surdos e ouvintes (inclusive das associações diversas que representam os surdos), que de alguma forma representam todos os demais e ainda buscam diminuir as barreiras sociais impostas pela sociedade.

Muita alegria ao receber o Diploma de Honra ao Mérito.

E o objetivo foi mostrar que não podemos desistir devido a condições adversas e ao capaticismo. Aos poucos nossos direitos serão reconhecidos e amplamente divulgados, e todos poderão se beneficiar dos mesmos, trazendo assim uma sociedade mais tolerante e igual para todos. Desistir jamais!

E eu estive lá, e com grande alegria, emoção e honra recebi o Diploma de Honra ao Mérito nas mãos do próprio Willian, foi demais. Encontrei também muitos amigos e colegas que também receberam o devido reconhecimento.

Pelas mãos do grande Sr Willian Veloso, recebi o Diploma.


Obrigado mais vez a todos, principalmente ao Sr. Willian e toda sua equipe, tão carinhosa.

A Sessão Especial, pode ser visualizada no YouTube, assista agora mesmo, clicando aqui.

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Dia Nacional do Surdo

Vocês sabiam que cerca de 10 milhões de pessoas sofrem de algum grau de surdez no Brasil — leve, moderado, severo ou profundo?

Conforme já disse por aqui em alguns momentos, a campanha Setembro Azul foi criada para dar visibilidade à comunidade surda brasileira e conscientizar a sociedade sobre a importância da integração e do respeito a essas diferenças.

Já conhece essa bandeira?

A lei 10.436, que reconhece a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como meio legal de comunicação e expressão no país foi aprovada pelo Congresso há 22 anos. A medida abriu espaço para o trabalho de intérpretes nas transmissões de programas de TV, vídeos na internet, principalmente em veículos públicos de comunicação. Apesar dessas iniciativas, o sistema educacional brasileiro ainda tem sérios problemas quando se trata de incluir surdos nos currículos, bem como a inclusão e acessibilidade na saúde, do trabalho, no esporte e cultura. Mas o dia, é para lembramos que não vamos desistir, vamos continuar buscando mais e mais. Feliz dia dos surdos!

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O alto desempenho das PCDs construção civil

Políticas de ação afirmativa são cada vez mais comuns no mercado. Ao analisar os índices de produtividade dos trabalhadores com deficiência na construção civil, por exemplo, fica claro que há motivos de sobra para conceder espaço a esses profissionais: 33,3% têm desempenho acima da média, enquanto 61,1% estão dentro do esperado, como aponta o “Estudo de Viabilidade para Inserção Segura de Pessoas com Deficiência na Construção Civil”, do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo) e Seconci-SP (Serviço Social da Construção Civil do Estado de São Paulo).

Reprodução

O levantamento também avaliou a adequação de PCDs (Pessoas com Deficiência) nas posições que ocupam: 88,9% dos entrevistados percebem adaptação satisfatória nas funções e no relacionamento com a equipe. Sobre o relacionamento intra e interpessoal desses colaboradores, 31,8% dos gestores avaliam como ótimo, 59,1% como bom e 9,1% como ruim.

PCDs no mercado de trabalho: desafios além da contratação

Segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base na Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) 2022, existem 18,6 milhões de pessoas com deficiência no Brasil – o equivalente a 8,9% da população com idade superior a dois anos.

A Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência (Lei nº 8.213) foi aprovada em 1991 e exige a destinação de 2% das vagas a PCDs em empresas com até 200 funcionários, 3% para quadros com 201 a 500 e 4% e 5%, respectivamente, para negócios que têm 1000 ou a partir de 1001 empregados.

Mesmo assim, os dados do IBGE comprovam que esse grupo tem mais dificuldade no mercado de trabalho. Pessoas com deficiência (acima dos 14 anos) marcam 26,6% em relação ao nível de ocupação, enquanto os brasileiros sem deficiência representam 60,7%. O rendimento médio real de trabalhos das PCDs é de R$ 1.860 – em contrapartida, o salário médio da população geral é de R$ 2.690.

Co-Criadora e Facilitadora do Programa de Gestão da Diversidade nas Organizações, a advogada Thays Martinez, que é deficiente visual e trabalha no Tribunal Regional da 2ª Região (SP). Em entrevista ao Valor Econômico, ela declarou que, no geral, o funcionário com deficiência não sofre preconceito, mas não é tratado como os outros: “Uma das situações problemáticas é o gestor que não aponta os erros nem dá feedback negativo, seja para proteger o funcionário ou por não acreditar em sua capacidade”. 

A solução proposta por empresas de recrutamento e seleção focadas em pessoas com deficiência, é a sensibilização das equipes diante da humanização e competência desse público. O investimento na capacitação dos profissionais também é importante para o crescimento na carreira.

PCDs na construção civil: quanto paga? Com o que trabalhar?

panorama da construção civil para profissionais com deficiência física ou intelectual aponta um rendimento um pouco mais alto que a média geral, de R$ 2.003,22 (44 horas semanais).

Um estudo feito pelo SindusCon-SP e Seconci-SP afirma que apenas quatro categorias de deficiência física ou intelectual não podem ser recrutadas para trabalhar na construção civil:

  1. Deficiência intelectual severa e profunda
  2. Deficiência física nos membros superiores
  3. Deficiência visual (cegueira ou baixa visão)
  4. Ostomia

Colaboradores com nanismo e deficiências auditivas são os mais indicados para o trabalho nos canteiros de obras, mas não devem participar de atividades com escavadeiras, gruas, guinchos e guindastes.

Ao analisar a participação de profissionais PCD no setor da construção de acordo com o cargo, o levantamento identificou que 33,3% dos profissionais PCD são mestres de obras e 16,7% são encarregados de almoxarifado e ajudantes gerais. Auxiliares administrativos, auxiliares de laboratório tecnológico, carpinteiros, eletricistas, operadores de máquina extratora e pedreiros representam 5,6% cada.

Para mais igualdade na construção civil, o próprio SindusCon-SP organiza ações frequentes de conscientização e diversidade a partir da área de Relações Capital-Trabalho e Responsabilidade Social, como a participação na audiência de conciliação na 7ª Turma do TST (Tribunal Superior do Trabalho) em fevereiro de 2022 para apresentar exemplos de inserção segura de PCDs no setor.

Por que é importante contar com pessoas com deficiência na construção civil

As leis 10.098/2000 e 13.146/2015 garantem o direito de espaços adaptados, seguros e confortáveis para PCDs ou com mobilidade reduzida. Novos condomínios são entregues com recursos destinados a esse grupo, mas ainda há o que melhorar nos projetos de obras, que podem ser particularmente difíceis em prédios antigos onde é necessário transformar estruturas já existentes.

Um prédio com rampas, mas que tem portas e corredores estreitos, por exemplo, não está adaptado corretamente para quem utiliza uma cadeira de rodas. Outro caso comum é a necessidade de unir pisos táteis às sinalizações em braile nas soluções para deficientes visuais.

Detalhes assim podem não ser claros para profissionais sem deficiência, mas são elementos que fazem parte do dia a dia das PCDs. Por isso é tão importante incluí-las nas engrenagens da construção civil – não apenas em cargos operacionais, mas também na elaboração dos projetos.

Além do respeito às leis de acessibilidade e o cumprimento do papel do setor na sociedade, a edificação acessível é vista com bons olhos no mercado. Devido ao investimento extra, um imóvel que cumpre as normas de acessibilidade, de acordo com Sérgio Yamawaki, engenheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (CRA-PR), pode ter valorização média de 15%.

Release:

Mariana Monteiro
mariana.monteiro@hedgehogdigital.co.uk
(21) 98895-2083

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Telemedicina em Libras

Apesar da lei que reconhece a Língua Brasileira de Sinais – Libras como ‘meio legal de comunicação e expressão’ completar 21 anos em 2023, os surdos e outras pessoas com algum tipo de deficiência auditiva ainda enfrentam muitos desafios e obstáculos no país, mesmo na hora de acessar os serviços básicos do dia a dia. Pensando nisso, a Help24 (Plataforma de telemedicina) disponibilizará, de maneira inédita e pioneira no país, teleconsultas para pacientes surdos com a ajuda de um interprete de Libras.

Imagem: Reprodução

Teremos o primeiro plano de saúde do Brasil com total acesso aos 10 milhões de usuários que dependem da de libras no país. Será um marco para a comunidade surda e um feito histórico para a medicina no quesito inclusão social”, explica Ronnie Girardi, CEO da RG Holding. A Help24 faz parte do conglomerado de 5 Health Techs da RG Holding, sendo uma das maiores empresas do país em saúde digital, com mais de 1 milhão de consultas realizadas. 

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 5% da população brasileira possui algum tipo de deficiência auditiva, e parte dela usa a Libras como auxílio para comunicação. O número representa 10 milhões de pessoas no país, sendo que 2,7 milhões delas não ouvem nada. De acordo com uma estimativa da Organização Mundial da Saúde, 900 milhões de pessoas podem desenvolver surdez no planeta até 2050.

A falta de acessibilidade e de profissionais capacitados acabam tornando o hábito de cuidar da saúde ainda mais desafiador para essa comunidade. As principais queixas incluem a falta de intérpretes e de informações em formatos acessíveis. Além disso, os deficientes auditivos enfrentam também barreiras físicas ao acessar serviços de saúde, pois muitos hospitais e clínicas não contam com estruturas e sinalizações adequadas.

Diante dessas dificuldades, é fundamental que os planos de saúde ofereçam soluções e profissionais capacitados para promover a inclusão social de pessoas com deficiência auditiva“, ressalta Girardi. 

O empresário destaca, ainda, a importância da telemedicina nos dias de hoje, em especial para as pessoas com dificuldade de locomoção ou que moram em áreas remotas. “A telessaúde é um exemplo de como a tecnologia pode transformar a maneira como cuidamos do nosso bem-estar. Na Help24, uma plataforma de telemedicina que reúne especialistas de diversas áreasa gente disponibiliza assistência imediata e sem precisar sair de casa, além de ter uma rede conveniada de farmácias, laboratórios e clínicas que oferecem descontos aos nossos clientes. Em resumo, utilizamos a tecnologia para garantir o atendimento de forma rápida, a qualquer momento do dia e em qualquer lugar“, finaliza Girardi.

Release:

Lucas Munford
lucas@boostimprensa.com.br
(11) 94700-3102

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Adaptações razoáveis no local de trabalho das Pessoas com Deficiência

Existem hoje uma grande variedade de pessoas no mundo, e quando no trabalho podemos estar com muitas situações que adaptações razoáveis será um fator crucial para que a inclusão se torne viável, já que podem ter clientes externos e internos com alguma deficiência.

A necessidade de adaptações razoáveis como um meio para eliminarmos barreiras, principalmente nos locais de trabalho, é citada inúmeras vezes no texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD), adotada em 2006 pela Assembleia Geral da ONU (NAÇÕES UNIDAS, 2006), e o portal Acesse, traz uma matéria muito importante e interessante sobre que pode-se ser acesssada na íntegra clicando aqui.

Brasil participa da Conferência da ONU sobre Direitos da Pessoa com Deficiência

Delegação brasileira é liderada pelo pelo secretário-executivo do Ministério dos Direitos Humanos, Engels Muniz, na 11ª Conferência de Países Signatários da Convenção da ONU (COSP) (Foto: Ascom/MDH)

Por exemplo, no Preâmbulo da CDPD, os Estados Partes, “reconhecendo a importância da acessibilidade aos meios físico, social, econômico e cultural, à saúde, à educação e à informação e comunicação, para possibilitar às pessoas com deficiência o pleno gozo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais (item v)”, se declaram “convencidos de que uma convenção internacional geral e integral para promover e proteger os direitos e a dignidade das pessoas com deficiência prestará significativa contribuição para corrigir as profundas desvantagens sociais das pessoas com deficiência e para promover sua participação na vida econômica, social e cultural, em igualdade de oportunidades, tanto nos países em desenvolvimento como nos desenvolvidos (item y)” (grifos do autor do texto original.

A CDPD defende o desenho universal como o principal critério a ser utilizado no planejamento e execução dos referidos ajustes e modificações, definindo-o como “a concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados, até onde for possível, por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou projeto específico. O desenho universal não excluirá as ajudas técnicas para grupos específicos de pessoas com deficiência, quando necessárias” (Artigo 2).

Os Estados Partes se comprometem a “realizar ou promover a pesquisa e o desenvolvimento de produtos, serviços, equipamentos e instalações com desenho universal (…), que exijam o mínimo possível de adaptação e cujo custo seja o menor possível, destinados a atender às necessidades específicas de pessoas com deficiência, a promover sua disponibilidade e seu uso e a promover o desenho universal quando da elaboração de normas e diretrizes” (Artigo 4, item f).

Encontramos no Artigo 5, item 3, a garantia de que “a fim de promover a igualdade e eliminar a discriminação, os Estados Partes adotarão todas as medidas apropriadas para garantir que a adaptação razoável seja oferecida”.

O objetivo das adaptações razoáveis é tornar acessíveis para as pessoas com deficiência os ambientes, os equipamentos e as ferramentas de trabalho. A acessibilidade constitui um dos princípios da CDPD (Artigo 3, item e).

De acordo com o Artigo 27, item 1-i, “os Estados Partes adotarão medidas para “assegurar que adaptações razoáveis sejam feitas para pessoas com deficiência no local de trabalho”.

A primeira lei federal a incorporar os principais ditames da CDPD, inclusive as adaptações razoáveis, é a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, que as trata em diversas partes (BRASIL, 2015), e também tem a Organização Internacional do Trabalho (OIT) lançou em 2017 dois documentos que abordam exaustivamente a questão das adaptações razoáveis no local de trabalho (OIT, 2017a; OIT, 2017b).

As adaptações razoáveis

O termo e o conceito adaptações razoáveis apareceram pela primeira vez na Lei dos Direitos Civis (GOVERNO DOS EUA, 1968), mas fora do contexto da pessoa com deficiência. Este conceito, já em relação às pessoas com deficiência no contexto do mercado de trabalho, foi inserido na Lei de Reabilitação de 1973 (GOVERNO DOS EUA, 1973), dos EUA, mais especificamente na Seção 503 (Ação Afirmativa) e na Seção 504 (Discriminação).

É aqui oportuno repetir a definição dada pelo Artigo 2 da CDPD para adaptações razoáveis: São as modificações e os ajustes necessários e adequados que não acarretem ônus desproporcional ou indevido, quando requeridos em cada caso (Brasil, 2007).

Gopal Pati e Glenn Morrison (1982) publicaram, na revista Harvard Business Review, um artigo sobre adaptações razoáveis à luz da Lei de Reabilitação Profissional (GOVERNO DOS EUA, 1974), e da Lei de Educação para Todas as Crianças com Deficiência (GOVERNO DOS EUA, 1975). Estes autores concluem que, com pouco custo e esforço, empresas no início da década de 80 conseguiram fazer adaptações razoáveis nas seguintes áreas:

  • Seleção de pessoal (p.ex.: funcionário de recursos humanos lia as questões para candidatos cegos; outro escrevia as respostas dadas por candidatos que possuíam mãos sem funcionalidade);
  • Locais de trabalho (p.ex.: supervisores mudaram leiaute dos armários de arquivos, ampliaram áreas de acesso físico, adaptaram controles de equipamentos para serem operados com a mão ou o pé, instalaram telefones com teclas (na época eram comuns os telefones com disco);
  • Recintos (p.ex.: empresa instalaram rampas e corrimãos);
  • Esquemas de trabalho (p.ex.: empresa ajustou horários de trabalho para pessoas com deficiência evitarem congestionamento no trânsito ou comparecer a consulta/tratamento programado, tomar remédios. Em certos casos, pessoa com deficiência trabalhava parte da semana na empresa e parte no domicílio);
  • Reestruturação do trabalho (p.ex: supervisor modificou as atribuições de certas funções para que funcionário com deficiência pudesse desempenhá-las sentado, quando tradicionalmente eram realizadas em pé, ou algumas atribuições foram trocadas com outro empregado);
  • Ajudas técnicas (p.ex.: mais e mais empresas já estavam investindo em tecnologias para viabilizar o desempenho de funções por empregados com deficiência);
  • Ledores e intérpretes (p.ex: um empregado cego necessitou uma pequena parte do tempo de empregado não-cego para ouvir as instruções sobre o seu trabalho. Um empregado surdo precisou comunicar-se em língua de sinais com empregado não-surdo, com ou sem intérprete;
  • Política flexível (p.ex.: empresa adotou licença administrativa ou licença não-remunerada para o empregado receber treinamento sobre ajudas técnicas ou para aprender novas atribuições ou funções);
  • Designação e treinamento em nova função (p.ex.: empregados que adquiriram uma deficiência pós-acidente ou pós-doença ocupacional puderam ainda ser uma força produtiva na empresa por terem recebido treinamento para novas funções);
  • Transporte (p.ex.: supervisores puderam ajudar empregados com deficiência a chegar ao serviço provendo-lhes vagas reservadas no estacionamento próximo à empresa, organizando esquemas de carona e apoiando autoridades na disponibilização de ônibus adaptados).

E sua empresa, está preparada?

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Diário do Perné – 010: E se tratassemos os ouvintes, como tratamos os surdos.

Todos os dias é uma luta para os surdos, que vivem se impondo, e cobrando acessibilidade e inclusão no local de trabalho. E estou passando por algo no meu, e tem sido dificil, e acredito que muitos e muitos outros surdos também estão neste momento passando pelo mesmo.

Mas para começar vamos imaginar dois cenários:

No seu local de trabalho talvez não tenha nenhum surdo, mas com certeza tem ouvintes, correto? O que vocês achariam de termos uma palestra com um tema muito importante para a empresa, e no grande dia da palestra, ser anunciado um famoso palestrante surdo, que não fala usando a voz, apenas a Libras – língua brasileira de sinais.

Qual seria a sua opinião, bem como a de os todos os presentes ao saber que não haveria tradução para o português, mas “felizmente”, todo o material da apresentação será distribuido para a leitura de todos os presentes? Será que você e seus colegas receberiam com alegria esse material, e assistiria com a mesma animação caso o palestrante fosse ouvinte? Pode isso? Talvez você e seus e colegas respondam que não, e acrescente que deveria ter ou um palestrante ouvinte, ou caso o palestrante seja surdo, que haja um tradutor da libras para português, e que um material por escrito para todos os ouvintes não seja tão interessante.

Agora vamos imaginar que existe um surdo no seu local de trabalho, e o mesmo não tem suporte auditivo para acompanhar confortavelmente uma reunião, curso ou palestra. Mas também não tem na sua empresa, um interprete de Libras para dar o suporte que o surdo precisa, então é decidido entregar o material para o surdo ler. Pode isso? Ouvi que sim, a poucas semanas, já que a empresa não tem ninguém que sabe Libras.

Surdez, o que é? Como prevenir? | Blog da Telemedicina Morsch
Surdos que não ouvem, e sem interpretes. Imagem: Reprodução

Entendem onde está o capacitismo? Para o que ainda não sabem, trata-se o nomear o preconceito e discriminação para pessoas com deficiência.

Por que é legal para o surdo ler algo num papel, que alguém ouvinte está falando, e a empresa não assegura seus direitos de acessibilidade ou de adaptações razoáveis? Outra: Por que um ouvinte acha que está tratando o surdo “igual” ao ouvinte se este surdo, nao recebe o conhecimento da mesma forma que o colega ouvinte recebe? Será que o surdo está satisfeito com o tratamento, de quem acha que está acessibilizando conhecimento, sendo que nem foi questionado se está legal, e/ou aceitável para o mesmo?

Ouvintes: incluam os surdos quando nas decisões de adaptações no seu local de trabalho! Acessibilidade é lei, não é favor, tratem-os surdos com o respeito que eles merecem.

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