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Qual é o som do silêncio?

Você já parou pra pensar qual é o som do silêncio?


Muita gente vê o silêncio como ausência, como um vazio. Mas pra mim, ele é cheio de vida. Cheio de histórias, de olhares, de gestos e de sentimentos que não precisam de som pra existirem.K

Foto: Kristina Flour

A surdez me ensinou que o silêncio fala — e fala muito.
Ele fala quando alguém te olha com atenção, quando um gesto diz mais do que mil palavras, quando o mundo desacelera e você consegue, enfim, perceber o que realmente importa.

No começo, o silêncio pode assustar. É como se o mundo ficasse distante. Mas, com o tempo, eu entendi que ele também acolhe, ensina e aproxima. Aprendi que o silêncio tem ritmo, tem pausas e tem força. Ele é pausa e presença ao mesmo tempo.

Nem todo silêncio é solidão.
Às vezes, ele é um abraço que não precisa de som pra ser sentido.
É um espaço de paz, reflexão e escuta — uma escuta diferente, feita com o coração.

E é sobre isso que eu falo no meu livro: sobre as lições que aprendi entre o som e o silêncio.
Sobre o valor da empatia, da escuta verdadeira e da inclusão que nasce quando a gente começa a enxergar o mundo com outros sentidos.

Essas e outras reflexões estão no meu livro — um convite pra sentir, refletir e descobrir o poder do silêncio.

Compre aqui.

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Diário de um surdo – 019: espaços conquistados

Durante muito tempo, as pessoas surdas viveram à margem, sem espaço para mostrar suas capacidades e sonhos. A sociedade parecia não ouvir — nem no sentido literal, nem no simbólico. As portas se fechavam, e a falta de comunicação virava um muro difícil de ultrapassar. Mas, aos poucos, isso começou a mudar. E essa mudança, por menor que pareça em alguns momentos, é profundamente significativa.

Hoje, ao olhar para os espaços conquistados, há um sentimento misto de orgulho e responsabilidade. Orgulho por ver pessoas surdas em lugares que antes pareciam inalcançáveis — nas universidades, nos serviços públicos, nas empresas, na cultura, nas redes sociais. Responsabilidade, porque cada conquista vem acompanhada da consciência de que ainda há muitos outros espaços a serem abertos.

Imagem: Reprodução

As vitórias podem parecer pequenas aos olhos de quem não vive essa realidade. Um intérprete em uma reunião, uma legenda em um vídeo, um curso de Libras oferecido em uma empresa — são gestos simples, mas que representam algo enorme: o reconhecimento de que pessoas surdas existem, têm voz e pertencem a todos os lugares.

Ver a comunidade surda ganhando visibilidade é algo que emociona. É perceber que a luta de tantas pessoas — muitas delas anônimas — está dando frutos. É entender que o esforço coletivo não foi em vão. Cada espaço conquistado carrega uma história de superação, de resistência e, principalmente, de fé na possibilidade de mudança.

É impossível não sentir algo profundo ao presenciar essas transformações. O sentimento é de gratidão, mas também de esperança. Gratidão por tudo que já foi alcançado, e esperança de que o que ainda falta será conquistado com o mesmo espírito de luta que sempre guiou a comunidade surda.

Essas conquistas mostram que a inclusão não é um presente, mas um direito que vem sendo reafirmado com muito esforço. E cada vez que um surdo é visto, ouvido e respeitado, a sociedade inteira dá um passo à frente.

O que antes era invisível, agora começa a ser reconhecido. E isso, para quem viveu a exclusão, é algo que não se esquece — é a prova de que o silêncio pode, sim, ser transformado em voz.

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Meu novo desejo realizado: Mini Mic 2+

Às vezes, a vida nos dá pequenas alegrias que parecem simples, mas que fazem toda a diferença no nosso dia a dia. Para quem depende de um implante coclear, cada avanço tecnológico é muito mais que um gadget: é oportunidade de ouvir melhor, participar mais e se sentir incluído.

Ontem, meu Mini Mic 2+ chegou, e eu estava super ansioso para testá-lo. Hoje finalmente consegui fazê-lo funcionar, e a felicidade foi imediata!

Imagem: Reprodução

Quem tem implante coclear sabe: ouvir melhor depende não só do processador, mas também dos acessórios certos. O Mini Mic 2+ é pequeno, discreto e super eficiente. Ele capta sons de pessoas distantes, reuniões ou até no carro, transmitindo diretamente para o meu implante coclear Nucleus 7. Para mim, que já dependo do implante para participar da vida cotidiana, essa ferramenta faz uma diferença enorme.

Mais do que tecnologia, é inclusão. Cada vez que consigo ouvir algo que antes me escapava, sinto que posso estar mais presente e conectado — seja no trabalho, em família ou com amigos. É incrível perceber como o Mini Mic 2+ potencializa o que meu implante já me proporciona.

Se você também tem implante coclear ou conhece alguém que tem, vale a pena conhecer o Mini Mic 2+. Ele não é só um acessório, é uma ponte para ouvir o mundo com mais clareza e viver com mais autonomia.

Intérprete de Libras: muito além da tradução

Muita gente ainda acha que o intérprete de Libras é só alguém que “traduz” o que outra pessoa fala. Mas a verdade é que o trabalho vai muito além disso. O intérprete é um elo entre duas línguas e duas culturas diferentes: a Libras e o português. Ele é quem torna possível a comunicação entre pessoas surdas e ouvintes, com respeito e fidelidade às duas partes.

Ser intérprete não é apenas saber sinais. É entender o contexto, o tom, a emoção e a intenção de quem fala. É ajustar o ritmo, escolher a melhor forma de expressar uma ideia e, muitas vezes, tomar decisões rápidas para que a mensagem não se perca.

Cada situação é um desafio diferente. Interpretar uma palestra não é o mesmo que interpretar uma entrevista, uma aula ou uma peça de teatro. O intérprete precisa estudar o tema, se preparar e se adaptar. Além disso, ele segue um código de ética que envolve confidencialidade, imparcialidade e respeito às pessoas envolvidas.

O trabalho do intérprete de Libras é essencial para garantir acessibilidade comunicacional. É ele quem permite que pessoas surdas participem de eventos, reuniões, aulas e momentos importantes da vida. Mas, muitas vezes, esse profissional ainda é invisível aos olhos de quem não precisa dele.

Reconhecer o valor do intérprete é também reconhecer o direito das pessoas surdas à comunicação plena. Inclusão de verdade não é ter um intérprete “só pra cumprir exigência”. É entender que sem ele, a conversa simplesmente não acontece.

Como pessoa surda, eu sei o que significa estar em um lugar com e sem intérprete. Quando tem, a sensação é de pertencimento. É poder acompanhar, entender, rir junto, participar de verdade. Quando não tem, é o contrário: a gente se sente isolado, perdido, fora da conversa. Não é só falta de informação — é falta de presença.

A presença do intérprete não é um favor, é um direito garantido por lei. A Lei nº 10.436/2002 reconhece a Libras como meio legal de comunicação e expressão, e o Decreto nº 5.626/2005 obriga o poder público e instituições a garantir acessibilidade por meio de intérpretes, especialmente em escolas, serviços públicos e eventos oficiais.

Mesmo assim, ainda vemos muitos espaços que ignoram essa obrigação. Por isso, é importante cobrar das autoridades o cumprimento desses direitos. Garantir intérpretes onde há surdos é garantir igualdade de acesso, respeito e cidadania.

Porque inclusão não se pede por gentileza — se exige por direito.

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Entre o Som e o Silêncio: minha história, minhas escolhas

Hoje quero compartilhar algo muito importante para mim: meu livro “Entre o Som e o Silêncio” está em pré-venda. Ele não é só um livro, é um pedaço da minha vida.

Nele, contei minha história como surdo: os desafios que enfrentei, as dificuldades que pareciam impossíveis, a exclusão, o bullying… Mas também contei sobre as pequenas e grandes vitórias, os aprendizados e a força que encontrei na fé, na amizade e na persistência.

Escrever este livro foi um processo de coragem. Reviver momentos difíceis, colocar no papel a minha dor e as minhas conquistas… não foi fácil, mas era algo que precisava fazer. Quero que minha história chegue até quem precisa ouvir: quem luta, quem sente que não tem voz, quem busca força para continuar.

Este livro é meu convite para olhar para dentro, para enfrentar o que assusta, mas também para celebrar cada vitória, mesmo as pequenas. Ele é minha forma de dizer: você não está sozinho, e é possível encontrar a sua própria voz mesmo quando parece que só existe silêncio.

Versão Kindle: https://a.co/d/cyqOyLw
Versão física: https://a.co/d/3gTsTcU

Cada página foi escrita com muito coração. Espero que gostem!


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Diário de um surdo – 018: Os sons dos pássaros

Há pouco mais de um ano eu ativei o meu implante coclear. Um ano de redescobertas, sustos, risadas e – principalmente – sons. Muitos sons.

Alguns eu já conhecia, mas agora chegam com outra textura. Outros… são completamente novos. E se tem uma coisa que eu nunca vou esquecer nesse primeiro ano, são os sons agudos.

Eu nunca escutava os sons agudos antes. Não sei explicar direito… às vezes parecia que eu ouvia, mas eram diferentes.

Agora, eles chegam de um jeito estridente, atravessam. Sabe aquele som que entra direto no cérebro, como se cortasse o ar? É isso. No começo, parecia que o mundo tinha ligado um monte de microfones no último volume.

Os passarinhos, por exemplo… antes eu achava que eram delicados, suaves. Hoje eu sei a verdade: eles gritam. MUITO.

Tem hora que parece sirene de carro disparando, vários alarmes ao mesmo tempo. É surreal.
Eu escuto e penso: “Gente, como ninguém tá se incomodando com isso?”

Às vezes me lembro daqueles desenhos do Pica Pau, quando os filhotes gritavam tanto, mas tanto, que perdiam o fôlego. É mais ou menos essa a sensação que tenho com os passarinhos agora.

Apesar dos sustos e da adaptação, é incrível perceber tudo isso. Eu tô ouvindo coisas que nunca ouvi antes. E não é exagero. Eu realmente nunca ouvi esses sons.

O implante me colocou num novo mundo. Nem melhor, nem pior. Apenas diferente. Mais nítido. Mais cheio. Às vezes mais barulhento do que eu gostaria.

Mas é isso: 1 ano depois, continuo descobrindo, me adaptando e me surpreendendo. Ouvir é uma construção. E cada dia é um tijolinho a mais.

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Nova identidade, mesma essência

O tempo passa. A gente muda, cresce, amadurece. E o blog também.

Depois de tantos 13 anos (recém completados) compartilhando histórias, vivências e reflexões aqui no Blog dos Perné’s, senti que era hora de dar um novo passo. Uma nova identidade visual, um novo jeito de se apresentar ao mundo — mas sem perder aquilo que sempre foi a essência deste espaço: acolhimento, escuta, propósito e verdade.

A nova identidade do blog vai além da estética. Ela carrega fases da minha vida, dores que foram transformadas em força, causas que abracei ao longo do tempo. Ela representa também todas as vozes que ecoam entre um texto e outro — especialmente as que, muitas vezes, são esquecidas ou ignoradas.

Nova identidade

O que mudou?

Agora o blog tem um novo visual: cores, formas e traços que refletem com mais clareza os temas que fazem parte da nossa caminhada — acessibilidade, inclusão, diversidade, espiritualidade, superação.

O novo logotipo é mais simples, mas ao mesmo tempo mais firme. Ele transmite leveza, mas sem apagar as marcas da luta, da persistência e da fé que me trouxeram até aqui.

Cada detalhe dessa nova fase foi pensado para fortalecer a identidade do blog e torná-lo ainda mais acessível, acolhedor e conectado com quem lê.

E as cores?

As cores da nova identidade foram escolhidas com cuidado e propósito:
Azul-escuro: transmite confiança, acolhimento e profundidade. Representa a escuta, a seriedade e o compromisso com temas importantes.
Laranja: traz energia, movimento e proximidade. Representa a coragem de falar sobre temas difíceis com leveza e verdade.
Verde suave: remete ao cuidado, à empatia e ao crescimento. É a cor da esperança, do recomeço e da construção de novos caminhos.
Tons neutros de apoio (branco e cinza): garantem contraste, equilíbrio e acessibilidade visual, facilitando a leitura e a navegação.

Essas cores conversam entre si e refletem bem os pilares do blog: inclusão, escuta, sensibilidade e ação.

E o que continua igual?

Continua o compromisso com a inclusão de verdade. Continua a escuta atenta, o cuidado com cada história, o respeito por quem passa por aqui.

Continua o olhar sensível sobre os temas que importam, com a mistura entre o pessoal e o coletivo, entre o que eu vivi e o que tantas outras pessoas também vivem.

Nada aqui é por vaidade. É por significado.

E você, segue comigo nessa nova fase?

Quero muito saber o que achou da nova identidade. Você faz parte dessa história. Se este espaço já te tocou de alguma forma, fica o convite: compartilhe, comente, volte sempre.

O Blog dos Perné’s continua sendo um lugar de histórias reais, de sentimentos sinceros e de esperança. A casa continua a mesma — só deu uma ajeitada no jardim de

A nova identidade do blog vai além da estética. Ela carrega fases da minha vida, dores que foram transformadas em força, causas que abracei ao longo do tempo. Ela representa também todas as vozes que ecoam entre um texto e outro — especialmente as que, muitas vezes, são esquecidas ou ignoradas.

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Nova lei sobre pessoas com deficiência traz avanços — mas ainda temos muros para derrubar

No dia 30 de junho de 2025 foi sancionada a Lei nº 15.155, uma atualização importante na legislação brasileira voltada às pessoas com deficiência. Essa nova lei moderniza termos, amplia direitos e dá um passo significativo para incentivar o empreendedorismo e a autonomia econômica das PcDs.

É um avanço necessário, mas não podemos tratar isso como ponto de chegada. Ainda há muito caminho pela frente.

O que a nova lei traz de novo

Entre os principais pontos, vale destacar:

– A substituição de termos ultrapassados, como “portador de deficiência”, por expressões mais respeitosas e alinhadas com a Convenção da ONU, como “pessoa com deficiência”.

– O incentivo ao empreendedorismo PcD, com previsão de linhas de crédito, programas de apoio técnico e políticas públicas que visam fortalecer a atuação autônoma de pessoas com deficiência no mercado.

– A ampliação de oportunidades no mercado de trabalho, inclusive com formas de contratação em tempo parcial e medidas para garantir a permanência dessas pessoas nas empresas.

– Novas ações para garantir o acesso à educação e à saúde, como o atendimento educacional em ambiente hospitalar e a exigência de acessibilidade em prédios públicos e vias urbanas.

E o que isso muda na prática?

Muda o entendimento de que inclusão não é apenas colocar a pessoa com deficiência dentro de um espaço. É garantir que ela tenha acesso de verdade, autonomia, dignidade e oportunidades concretas.

Sou surdo oralizado bilíngue. Uso implante coclear e já passei por muitos dos desafios que essa lei tenta enfrentar. Ainda hoje, mesmo com tecnologia e formação, encaro obstáculos para me comunicar, participar de reuniões, compreender falas em ambientes com ruído ou múltiplas vozes.

Por isso, vejo com bons olhos o incentivo ao empreendedorismo PcD. Porque empreender, muitas vezes, é a única alternativa para quem não consegue espaço em um mercado que ainda exclui — direta ou indiretamente.

Mas ao mesmo tempo, fico alerta. De que adianta a lei, se não houver investimento em formação, fiscalização e mudança de cultura? Sem isso, ela corre o risco de ser mais um texto bonito que não sai do papel.

O papel das empresas e da sociedade

Se você é gestor, profissional de RH, servidor público ou alguém que quer fazer a diferença, essa lei também diz respeito a você.

Ela nos convida a:

– repensar como contratamos,
– revisar nossas práticas de acessibilidade,
– abrir espaço para diferentes formas de trabalho,
– e principalmente, ouvir as pessoas com deficiência com respeito e disposição real para mudar.

Conclusão: menos muros, mais pontes

A Lei 15.155/2025 é um avanço. Mas ela não é o fim da luta. É apenas mais uma ferramenta.

E como toda ferramenta, ela só funciona se for usada com responsabilidade.

Precisamos transformar a acessibilidade em prática, a inclusão em política contínua, e o respeito em ação concreta. Não podemos mais aceitar discursos bonitos sem mudanças reais.

A nova lei ajuda a derrubar alguns muros. Mas quem constrói as pontes somos nós.

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Libras é a ponte. O preconceito é o muro.

A Libras não é só uma língua.
É uma ponte construída com as mãos, o olhar e o coração.

Uma ponte que aproxima pessoas que antes pareciam viver em mundos diferentes.
Uma ponte que permite que a pessoa surda tenha voz, tenha espaço, tenha escolha.
Uma ponte que pode salvar alguém do isolamento.

Mas o preconceito… esse sim, é o muro.
Muro feito de ignorância, piadinhas, pressa, falta de empatia e “depois a gente vê isso”.

Quantas vezes você já viu alguém fingindo que entendeu um surdo — só pra não “perder tempo”?
Quantas vezes disseram que Libras é difícil demais, que “não dá pra aprender”, que “não tem demanda suficiente”?

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Na Estrada – São Luis e Lençóis Maranhenses

Você já sonhou com um lugar sem nem saber onde ele ficava? Desde criança, eu carregava uma imagem na memória: Tonha, vivida por Yoná Magalhães, caminhando pelas dunas ao som “Uma Nova Mulher”, em uma cena da novela Tieta, da TV Globo.

A novela original foi exibida em 1989, mas provavelmente foi numa reprise — talvez em 1994, no Vale a Pena Ver de Novo — que essa cena me marcou. Ela usava uma roupa azul, caminhava entre dunas, em um cenário que me parecia mágico. Na época, eu não sabia onde era aquele lugar. Só sabia que queria estar ali um dia.

Anos depois, ao ver fotos e vídeos dos Lençóis Maranhenses, veio o estalo: era isso. Ou pelo menos, era o que o meu coração associava, já que é bem improvável que as locações para a cena teria sido ali. Mas enfim, as dunas, a luz do sol, a areia branca… Aquilo era o cenário do meu sonho de infância. Vieram os anos, os adiamentos, as frustrações.

Em 2024, cheguei a comprar passagem, mas a companhia aérea mudou as datas diversas vezes e, depois de muita tentativa frustrada, implorei o cancelamento. Eles sequer me devolveram o dinheiro. O sonho parecia cada vez mais distante…

Mas Deus tem seus tempos. Em 2025, tudo se alinhou.

Na quarta-feira, 28 de maio, saí de São Luís rumo a Santo Amaro do Maranhão, com meu amigo Luiz Henrique, que veio de São Paulo. Pagamos R$ 175,00 no transfer que incluía o transporte, o passeio 4×4 nas dunas e até o almoço. As horas de estrada não diminuíram minha expectativa. Quando cheguei e vi aquela paisagem… foi difícil conter a emoção.

A areia era fina, branca, e as lagoas de águas doces e cristalinas brilhavam sob o sol. Fechei os olhos e agradeci. A criança dentro de mim estava ali. O cenário que imaginei, que desejei por tantos anos, agora estava diante de mim. Talvez não fosse o mesmo lugar da novela, mas era o lugar do meu coração. Ali, eu entendi: o sonho não era apenas geográfico. Era espiritual. Era poético.


Na quinta-feira, fizemos o passeio de voadeira — como eles chamam os barcos — por várias lagoas. O dia foi cheio. Começamos visitando a Lagoa das Américas, e a belíssima Lagoa do Jalapão. As águas, mornas e tranquilas convidavam a mergulhar e esquecer do mundo. Era como nadar dentro de um cartão postal.

Depois fomos almoçar. O local era simples, e a comida nem era boa, mas tinha as redes para descanso entre árvores — o que salvou a experiência: R$ 85,00 com refrigerante. Mas a vista compensava. Voltamos para as lagoas, nos refrescamos mais um pouco e terminamos o dia no Jalapão . Ficamos até o pôr do sol. Um espetáculo.

O passeio de barco completo custou R$ 135,00 por pessoa e valeu cada centavo.


Um detalhe importante…

Santo Amaro é um lugar simples. As pessoas são humildes, acolhedoras, e muitas delas estão tão aptas para o atendimento público.

E os serviços não seguem horários certinhos. Os guias mudam de ideia, os horários atrasam, nem sempre as promessas do passeio são cumpridas como anunciado. Mas tudo isso faz parte da experiência — um certo caos tropical que pode até carregar charme, mas também testar a paciência.


Dias anteriores: praia, história e calor humano

Na segunda-feira, antes de tudo, eu explorei as praias da região. Ainda estava sozinho, mas foi um dia leve. Almocei num restaurante local, comi muito bem, caminhei, respirei. Já estava feliz por estar ali.

Na terça-feira, Luiz Henrique chegou e fomos conhecer o Centro Histórico de São Luís. Caminhamos muito, rimos, tiramos fotos e aproveitamos. É um lugar cheio de história, arte e cultura.


Quanto gastei

No total, gastei pouco mais de R$ 3.500,00, incluindo:

  • Passagens aéreas
  • Hospedagem
  • Transfer ida e volta
  • Passeios
  • Alimentação
  • Lembrancinhas e despesas extras

Um sonho virou realidade

Esse foi o resumo dos primeiros dias da minha jornada pelos Lençóis Maranhenses. Ainda tem mais o que contar, mas já deixo registrado: valeu a pena cada centavo, cada espera, cada lágrima e cada oração.

Sonhar é de graça. Mas viver o sonho é um presente que só o tempo — e Deus — podem nos dar.

📍 Santo Amaro do Maranhão – Lençóis Maranhenses
🔗 Cena da novela Tieta no YouTube

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