Por Leonor Ramos Chaves (*)
A aplicação cada vez mais aprimorada da tecnologia no setor educacional tem se estabelecido como um forte instrumento de inclusão, capaz de levar oportunidades de aprendizado – e, consequentemente, de um futuro – para estudantes que não teriam acesso se não fosse o advento das ferramentas digitais.
Podemos aqui incluir os estudantes de lugares afastados, em diversas partes do planeta, que não têm acesso à mobilidade urbana suficiente para chegarem às instituições de ensino que poderiam lhe dar a formação esperada. Ou pela falta desses recursos de transportes em suas cidades ou por dificuldades financeiras que os impedem de desfrutar tais acessos.
Neste cenário, a Educação a Distância (EAD) se mostra uma valiosa alternativa, capaz de atender, também, aos estudantes com deficiência física, visual, mental, auditiva ou, ainda, aos neurodivergentes – que são as pessoas que possuem características diferentes do funcionamento cerebral em relação aos neuro típicos (padrão considerado convencional). Por exemplo, as pessoas que têm TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade), que estão no Transtorno do Espectro Autista, pessoas com Dislexia, entre outras.
Neste mês de abril, dedicado à conscientização sobre o autismo, temos a oportunidade de entender e reforçar que estes estudantes têm necessidades próprias muito específicas referentes aos horários, necessidades físicas, cognitivas e de organização de seus estudos que dificultam sua adaptação ao ensino convencional. Muitas vezes, esse processo pode ser facilitado pelo ensino a distância.
A própria adaptação curricular destes alunos pode ser incrementada pela utilização de recursos on-line ou ser toda realizada on-line, dependendo da demanda e da adequação a ser realizada, no percurso ensino aprendizagem do aluno.
Não se trata, portanto, de uma fórmula mágica. Há casos e casos, níveis e níveis, e em muitos deles é extremamente necessário que o indivíduo diagnosticado com TEA seja estimulado ao contato presencial e às trocas com os demais estudantes. Mas considerando justamente os cenários mais desafiadores, o EAD é um caminho que tem se mostrado efetivo.
Hoje temos plataformas com vários recursos para pessoas com deficiência, o que facilita seu processo de adaptação ao ensino a distância e amplia suas possibilidades de êxito.
É sempre importante lembrar que a inclusão fortalece a sociedade como um todo. No meio corporativo, vale lembrar, o relatório “A diversidade vence: como a inclusão é importante”, produzido pela McKinsey em 2020, demonstra que as equipes neurodivergentes superam as homogêneas em 36%, em termos de rentabilidade.
Ou seja, não importa o ponto de vista, da economia ao olhar mais humano, a sociedade tem no EAD um aliado que abre portas para um futuro mais diverso, mais igualitário e mais preparado para a adversidade.
(*) Leonor Ramos Chaves é Psicóloga, Psicopedagoga e Consultora Educacional da Fundação FAT